Ativista Clara Charf, viúva de Marighella, morre aos 100 anos

Clara Charf
© MDHC/Divulgação
  • Autor do post:

A ativista Clara Charf, viúva de Carlos Marighella, faleceu nesta segunda-feira, aos 100 anos, em decorrência de causas naturais. A informação foi divulgada pela Associação Mulheres Pela Paz, organização da qual Clara era fundadora e presidente. Segundo a associação, ela estava hospitalizada e havia sido intubada nos dias que antecederam sua morte.

A Associação Mulheres Pela Paz destacou o legado de Clara Charf na defesa dos direitos humanos e na luta pela igualdade de gênero. “Clara foi grande. Foi do tamanho dos seus 100 anos”, afirmou a organização em comunicado. “Uma vida com tamanha luminosidade fica gravada em todas e todos que tiveram o enorme privilégio de aprender com ela”.

Clara Charf, uma figura de destaque na história política brasileira, enfrentou desafios significativos ao longo de sua vida, especialmente durante o período da ditadura militar, quando seu companheiro, Carlos Marighella, foi perseguido e morto.

Na década de 1940, Clara Charf trabalhou como comissária de bordo, mas sua participação na vida política começou cedo. Aos 16 anos, já era membro do Partido Comunista Brasileiro. Em 1947, casou-se com Marighella e, assim como ele, também foi alvo da repressão do governo ditatorial, sendo presa.

Após a morte de seu marido, Clara Charf exilou-se, inicialmente em Cuba. Passou dez anos fora do país, retornando em 1979, com a anistia. Após seu retorno, Clara dedicou-se à luta pelos direitos das mulheres, pela liberdade e por uma sociedade mais justa e igualitária.

Em 2005, Clara Charf assumiu a coordenação no Brasil do movimento Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, iniciativa surgida na Suíça com o objetivo de indicar mil mulheres ao Prêmio Nobel da Paz de 2005. No contexto brasileiro, o desafio era selecionar 52 mulheres ativistas.

Nascida em Maceió, Alagoas, Clara era a mais velha de três irmãos, filhos de judeus russos que buscaram refúgio na Europa. Seu pai, Gdal, trabalhava como mascate. Apesar das dificuldades, Clara aprendeu inglês e piano. A família mudou-se para Recife, onde a comunidade judaica era mais estabelecida. Na capital pernambucana, sua mãe, Ester, faleceu de tuberculose aos 40 anos.

Diante dos desafios familiares, Clara mudou-se para o Rio de Janeiro aos 20 anos. Em 1946, filiou-se ao Partido Comunista, onde conheceu Marighella. Clara vendia jornais em bondes, atividade que inicialmente não agradou seu pai, assim como seu relacionamento com o comunista. Seu conhecimento de inglês lhe garantiu a oportunidade de trabalhar como comissária de bordo.

Após o exílio, Clara candidatou-se a deputada estadual em 1982, pelo Partido dos Trabalhadores. Apesar de receber 20 mil votos, não foi eleita, mas continuou sua luta por um Brasil mais igualitário e justo. Clara Charf deixa um legado significativo com projetos de conscientização pelos direitos das mulheres, causa que defendeu ao longo de sua vida.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

👉📸 Acompanhe também o Folha MS no Instagram

babybeef Clara Charf