Pesquisador corumbaense une ciência e redes sociais para proteger onças-pintadas

Pesquisador Diego Viana alia ciência e redes sociais para proteger onças-pintadas e combater fake news no Pantanal.
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  • Post publicado:13 de setembro de 2025

A trajetória de Diego Viana com a onça-pintada começou ainda na infância, em Corumbá, quando histórias de caçadas e o convívio com a vida no Pantanal despertaram nele curiosidade e respeito pelo felino. Segundo informações divulgadas em entrevista ao Campo Grande News, o primeiro encontro ocorreu por volta dos 11 anos.

“Foi algo rápido, como costuma ser. Vimos a onça e, em poucos segundos, ela correu para a mata. O que ficou marcado foi o sentimento, uma mistura de medo e encantamento, junto com aquela vontade de ver de novo”, relembra.

Hoje, Diego é médico-veterinário, mestre em Ciências Ambientais, doutorando em Ecologia e Conservação e atua na Jaguarte Conservação. Há uma década, dedica-se a projetos que buscam a coexistência entre comunidades pantaneiras e onças, especialmente nas regiões de Miranda, Nhecolândia e Paraguai.

“Procuro sempre ser racional, não passional, e equilibrar o gosto pelo que faço com a responsabilidade de lidar com situações de conflito que impactam tanto famílias pantaneiras quanto a sobrevivência da espécie”, explica.

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De acordo com o pesquisador, o trabalho não se limita ao campo. Com a circulação frequente de notícias falsas sobre onças, ele passou a usar as redes sociais para esclarecer boatos e reduzir o medo da população.

“Recebo diariamente fotos e vídeos, muitos deles antigos ou com informações falsas. Para esclarecer e dar respostas mais rápidas, comecei a gravar vídeos explicativos, desmentindo esses boatos”, afirma.

Ele alerta que as fake news, potencializadas pelo uso de Inteligência Artificial, podem gerar consequências graves, incentivando a perseguição aos animais.

“Só num caso recente de onça registrada no perímetro urbano de Corumbá, já circularam mais de cinco notícias falsas diferentes”, exemplifica.

A tensão na região aumentou após a morte de um pantaneiro em abril deste ano. Segundo Diego, práticas como a “ceva” — deixar restos de animais para atrair onças — alteram o comportamento natural do felino e elevam os riscos de aproximação com áreas habitadas.

“Esse episódio aumentou o medo e a desconfiança em relação às onças, dificultando ainda mais o diálogo e a prevenção de novos conflitos”, pontua.

Para ele, a conservação depende de um elo sólido entre ciência e comunidade. Escutar, dialogar e construir soluções conjuntas são, segundo o pesquisador, passos essenciais para proteger famílias, preservar o Pantanal e garantir a sobrevivência das onças-pintadas.

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