Um ataque aéreo israelense matou, no domingo (8), o jornalista palestino Anas Al Sharif, da Al Jazeera, e outros cinco profissionais de imprensa na Faixa de Gaza. Segundo a emissora, Al Sharif, de 28 anos, era uma das principais vozes a relatar a situação no território e já havia sido ameaçado por Israel. O bombardeio atingiu uma tenda próxima ao Hospital Al Shifa, no leste da Cidade de Gaza.
De acordo com autoridades locais e a Al Jazeera, as vítimas incluem Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e um assistente da equipe, além do repórter freelancer Mohammad Al-Khaldi. Outras duas pessoas também morreram no ataque.
O exército israelense afirmou que Al Sharif liderava uma célula do Hamas e estava envolvido em ataques com foguetes contra Israel, mas não apresentou publicamente as provas alegadas. Israel nega ter jornalistas como alvos deliberados, alegando que parte dos mortos em operações eram combatentes atuando sob disfarce de imprensa.
Organizações internacionais e autoridades condenaram a ação. O primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, classificou o ataque como “crime além da imaginação”. O escritório de direitos humanos da ONU afirmou que o episódio representa “grave violação do direito internacional humanitário”. O premiê britânico, Keir Starmer, disse estar “profundamente preocupado” com os repetidos ataques a jornalistas.
O Hamas declarou que a morte dos profissionais pode indicar o início de uma nova ofensiva israelense em Gaza. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já havia anunciado a intenção de intensificar operações para desmantelar redutos do grupo no território, onde a ONU alerta para agravamento da fome após quase dois anos de guerra.
Al Sharif integrava a equipe da Reuters que venceu, em 2024, o Prêmio Pulitzer de Fotografia de Notícias de Última Hora pela cobertura do conflito. Ele havia deixado uma mensagem programada para ser publicada caso morresse, na qual afirmava não ter “hesitado em transmitir a verdade como ela é”.
📌 Mortes de jornalistas em Gaza
- Segundo o governo local, 238 jornalistas foram mortos desde outubro de 2023.
- O Comitê para a Proteção de Jornalistas confirma ao menos 186 mortes no mesmo período.