Instituto descarta indícios de ataque de onça a morador em Corumbá

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  • Post publicado:8 de agosto de 2025

Após perícias médicas e inspeções de campo, técnicos do IHP, da PMA, do Ibama e da Fundação Municipal de Meio Ambiente concluíram não haver indícios de ataque de onça ao morador identificado no caso registrado na noite de quarta-feira (6) em Corumbá. O posicionamento foi divulgado nesta sexta-feira (8), após a reunião entre os órgãos responsáveis pela apuração.

Equipes visitaram o local indicado pelo homem e colheram depoimentos de vizinhos antes de analisar os laudos médicos e o parecer de veterinários especialistas em comportamento de felinos. Segundo o presidente do IHP, Ângelo Rabelo, a conclusão considera o conjunto de evidências produzidas pelos peritos.

“Ele nem estaria no nosso meio para narrar se realmente tivesse sido atacado. Temos que lembrar que a onça não é um animal silvestre com histórico de ataque a pessoas. Isso não faz parte do comportamento dela”, disse Rabelo.

A suposta vítima, Valdinei da Silva Pereira, de 57 anos, relatou ter sido surpreendida ao chegar em casa, no Mirante da Capivara, e afirmou ter reagido ao encontro com o animal. Em depoimento, ele contou que levou “um baque” e deu “um safanão” na onça, além de afirmar que, em outra ocasião, correu atrás do animal com um pedaço de pau.

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Instituto descarta indícios de ataque de onça a morador em Corumbá

A PMA informou que o médico que atendeu Valdinei encontrou apenas lesões superficiais. Conforme a corporação, “aparentemente não sendo feitos por animais de grande porte, razão pela qual foi prontamente liberado”. Em nota, o órgão negou a ocorrência de confrontos com onças na cidade e afirmou que as únicas comunicações oficiais até o momento referem-se a avistamentos do felino em áreas urbanas.

Os técnicos afirmam que as variações nas versões apresentadas pelo morador e a natureza das lesões foram determinantes para afastar a hipótese de ataque. As equipes recomendam manutenção das medidas de segurança locais: recolhimento de animais domésticos à noite, eliminação de pontos de lixo a céu aberto e uso de iluminação pública adequada nas áreas de encosta.

As autoridades dizem que seguem monitorando registros de aparição de onças na região e mantêm canais abertos com a comunidade para registro de novas ocorrências.

Nota Integrada

Nesta sexta-feira, o Instituto do Homem Pantaneiro em conjunto com IBAMA e PMA, emitiram nota integrada onde reforçaram os procedimentos adotados pelos órgãos, e ainda as medidas que poderão ser adotadas, além das recomendações para população, em especial as que habitam a região mais próxima do Rio Paraguai referente ao convívio com animais silvestres.

Confira a nota na íntegra:

Nessa quinta-feira (7), o Corpo de Bombeiros foi acionado para atender ao chamado de um morador do Mirante da Capivara, no bairro Generoso, em Corumbá (MS), que havia ficado ferido no rosto após tentar defender seus dois cães do ataque de uma onça-pintada, utilizando um pedaço de madeira.

Posteriormente, o próprio morador esclareceu que não havia recebido nenhuma mordida ou patada do felino, e que não se recordava como havia se machucado. O ataque, portanto, foi direcionado aos cachorros para fins de predação (ato de se alimentar), e não ao homem.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foi acionado e está apurando o caso para avaliar a situação, bem como efetuando o monitoramento na região para identificar se há presença de mais de um espécime, o qual já vem sendo acompanhado há alguns meses.

Nas últimas semanas, foi constatado que o animal estava circulando perto das margens do rio e, portanto, esse relato do morador trata-se, possivelmente, de uma reaproximação do animal devido à existência de animais domésticos em áreas sensíveis. 

O Ibama – junto de outras instituições, como a Polícia Militar Ambiental, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Fundação de Meio Ambiente do Pantanal e o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) – tem feito um trabalho contínuo de monitoramento de onças presentes na região de Corumbá (MS) e de educação ambiental, a fim de conscientizar a população sobre a coexistência de humanos e onças, entre outros animais da fauna silvestre.

A aparição desses animais parece estar relacionada a eventos de cheia ou a incêndios, quando os animais buscam abrigo e presas na área urbana, principalmente nas áreas residenciais mais próximas a rios. Pode acontecer quando o tempo de recuperação de uma área não foi o ideal e o animal acaba migrando para áreas urbanas em busca de alimento. 

Em caso de avistamento de onça, a população deve comunicar às autoridades competentes, como a Polícia Militar Ambiental, pelo telefone (67) 99266-4052. Seguem, abaixo, orientações para a população em caso de encontro com felinos de grande porte.

Protocolos de conduta 

  1. Visualização à distância/sem risco imediato 
  • Mantenha distância (mínimo de 100 m, se possível). NÃO corra!
  • Não se aproxime (em hipótese alguma) para fotografar ou filmar.
  • Estimule outras pessoas a se afastarem calmamente.
  • Não fique de costas para o animal e tente fazer bastante barulho.
  • Comunique imediatamente pelo grupo e canais oficiais, indicando local, horário, se possível GPS, e comportamento do animal. 
  1. Encontro próximo (menor a 30 metros) 
  • Mantenha-se calmo, NÃO corra!
  • Fique em pé, mostre-se grande e faça barulhos firmes (falar alto, bater palma).
  • Recolha crianças pequenas ao colo, agrupe pessoas.
  • Afaste lentamente, sempre de frente para a onça, sem fazer movimentos bruscos.
  • Tocar buzina de ar comprimido.
  • Mantenha portas e portões de casas fechados à noite.
  • Comunique imediatamente pelo grupo e canais oficiais, indicando local, horário, se possível GPS, e comportamento e características (se possível) do animal. 
  1. Encontro próximo com indicação de ataque (animal abaixado, com patas flexionadas, olhar fixo na pessoa e ponta de rabo batendo com constância) 
  • NÃO vire as costas, NÃO corra.
  • Toque a buzina.
  • Busque amparo em local protegido imediatamente (dentro da casa, veículo, comércio).
  • Continue fazendo barulho intenso se não conseguir abrigo imediato.
  • Jamais tente enfrentar ou cercar o animal.
  • Comunique imediatamente pelo grupo e canais oficiais, indicando local, horário, se possível GPS, e comportamento do animal.

Veja a nota técnica divulgada em junho de 2025, assinada por diferentes instituições, sobre ações para mitigação do conflito humano-onça, clique aqui.

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