A queima de quase 2.400 hectares em propriedades do Pantanal sul-mato-grossense está sendo investigada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul, que abriu novo inquérito civil para apurar os prejuízos ambientais causados pelo incêndio ocorrido em setembro de 2024.
O fogo atingiu extensões consideráveis de Áreas de Preservação Permanente (APP), Reservas Legais e vegetação nativa remanescente, com impacto direto sobre a fauna e os recursos hídricos do bioma.
Segundo perícia técnica anexada à apuração, o fogo se espalhou por 151 hectares de APP, devastou 1.205 hectares de áreas designadas como Reserva Legal, comprometeu 990 hectares de vegetação nativa ainda preservada e consumiu outros 45 hectares em zona já consolidada.
A soma dos danos ambientais levantou alerta entre os órgãos de fiscalização sobre a pressão crescente que o Pantanal enfrenta.
Apuração envolve laudo pericial e dados fundiários
O inquérito civil instaurado pela 2ª Promotoria de Justiça de Corumbá conta com apoio da Polícia Militar Ambiental e do Imasul, que acompanham o andamento das diligências. O promotor Pedro de Oliveira Magalhães requisitou documentos como os registros do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e informações atualizadas sobre a adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) por parte das propriedades envolvidas.
Apesar de a localização exata das fazendas não ter sido divulgada, a investigação considera possível responsabilização dos proprietários, caso as irregularidades ambientais se confirmem. As medidas podem incluir tanto ações reparatórias como sanções judiciais. O objetivo, segundo o MPMS, é garantir a restauração das áreas atingidas e impedir novas violações ambientais na região.
As primeiras ocorrências de fogo foram detectadas nos dias 2 e 3 de setembro do ano passado, por meio do sistema “Pantanal em Alerta”, que reúne dados de satélite para monitoramento contínuo de focos de calor. A partir das imagens e alertas recebidos, foi possível identificar a evolução das chamas e dar início à apuração.