Uma nota técnica elaborada por nove instituições ambientais estabeleceu uma série de diretrizes para lidar com o aumento de ocorrências envolvendo onças-pintadas em áreas próximas a residências, principalmente na região de Corumbá, em Mato Grosso do Sul.
O documento surge após registros frequentes de felinos circulando em zonas limítrofes entre áreas naturais e urbanas, com o caso mais recente sendo flagrado em uma mata na fronteira com a Bolívia.
O relatório tem como principal objetivo definir estratégias eficazes de prevenção, controle e resposta imediata diante de novos avistamentos. Ele reforça a necessidade de proteger tanto os moradores quanto os próprios animais silvestres, com base em protocolos organizados, padronizados e integrados entre os órgãos envolvidos.

Protocolo define três eixos estratégicos para conter os riscos
Entre as principais recomendações do relatório técnico estão a criação de um sistema permanente de monitoramento, a instalação de armadilhas fotográficas e a realização de rondas em horários adaptados, com atenção especial a deslocamentos escolares e pontos de vulnerabilidade. A medida busca antecipar possíveis situações de risco e garantir maior segurança nas comunidades afetadas.
O plano também prevê a elaboração de formulários padronizados para que todos os registros de avistamento e eventuais interações sejam documentados com precisão. Esse banco de dados será compartilhado com os órgãos responsáveis, permitindo uma resposta mais ágil e baseada em evidências.
Além disso, as instituições propõem a estruturação de redes de comunicação comunitária, com grupos de mensagens entre moradores, lideranças locais e técnicos ambientais, facilitando a troca imediata de informações.
Também está prevista a instalação de placas informativas em locais críticos, como áreas de transição entre floresta e residências.

Participação coletiva e mudanças ambientais são pontos-chave do relatório
O relatório foi assinado por representantes do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Imasul, Ibama, ICMBio, PMA (Polícia Militar Ambiental), Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, pesquisadores da UFMS, UCDB e membros do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap/MS). O documento destaca que o avanço urbano sobre áreas naturais e a modificação do comportamento das onças são fatores decisivos para a intensificação dos encontros.
Também foram incluídas orientações específicas sobre como a população deve agir em caso de avistamento. A recomendação é não correr, manter postura calma, parecer maior e fazer barulhos altos. Caso o encontro aconteça à distância, deve-se manter ao menos 100 metros e notificar os órgãos responsáveis, evitando ações que provoquem reações defensivas dos animais.
De acordo com os técnicos, a presença de onças nas imediações de áreas habitadas não representa risco imediato quando há compreensão sobre o comportamento desses animais. A maior parte dos acidentes ocorre quando o felino se sente acuado ou encurralado.
O texto também faz um alerta sobre a importância da comunicação correta: “É fundamental relatar os comportamentos observados com clareza. Informações falsas ou distorcidas prejudicam o monitoramento e podem gerar pânico desnecessário”, registra a nota.
Com o crescimento da urbanização e as mudanças nos ecossistemas, o convívio com a fauna exige organização, informação e ações preventivas claras — o que o relatório busca sistematizar a partir de uma abordagem técnica e colaborativa.
- Com informações Campo Grande News