A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem um novo comandante. Samir Xaud, de 41 anos, foi escolhido neste domingo (25) para presidir a entidade até 2029. Médico infectologista e atual presidente da Federação Roraimense de Futebol, ele foi eleito em um cenário de divisões e forte rejeição por parte dos principais clubes do país.
A eleição ocorreu na sede da CBF, no Rio de Janeiro, e teve participação limitada: apenas 10 dos 40 clubes das Séries A e B compareceram e votaram. Em contrapartida, 25 das 27 federações estaduais participaram do pleito, o que foi decisivo devido ao peso maior dos seus votos. A chapa encabeçada por Xaud somou 103 dos 141 pontos possíveis.
A Federação Paulista de Futebol, a mais influente do Brasil, também se absteve da votação, seguindo o movimento de boicote de 18 clubes, incluindo gigantes como Flamengo, Corinthians, São Paulo, Internacional e Fluminense. Entre os que votaram, destacam-se Cruzeiro, Santos e Operário. Bragantino e Ferroviária não compareceram.
A escolha de Xaud representa uma mudança abrupta na liderança da CBF, substituindo Ednaldo Rodrigues, afastado por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no último dia 15.
Samir Xaud é conhecido no meio esportivo por assumir o comando da federação de Roraima em 2023, cargo anteriormente ocupado por seu pai durante mais de quatro décadas.
Durante seu discurso de posse, Xaud afirmou que pretende promover uma gestão voltada à modernização da entidade e à reaproximação da torcida com a seleção brasileira. “É tempo de renovação e compromisso com o futuro do futebol nacional. Queremos devolver ao povo o orgulho pela seleção canarinho”, declarou.
A eleição foi realizada justamente na véspera da primeira convocação da seleção brasileira sob comando do técnico Carlo Ancelotti, recém-saído do Real Madrid. A equipe se prepara para os compromissos das Eliminatórias da Copa do Mundo em junho.
A nova diretoria contará com oito vice-presidentes: Ednailson Leite Rozenha, Fernando Sarney, Flávio Zveiter, Gustavo Henrique, José Vanildo da Silva, Michelle Ramalho, Ricardo Gluck Paul e Rubens Angelotti.
Apesar da definição do novo presidente, a legitimidade do processo eleitoral da CBF volta a ser alvo de debate jurídico. O Supremo Tribunal Federal (STF) retomará nesta quarta-feira (28) o julgamento da ação que questiona a validade das mudanças no estatuto da entidade, que atribuem pesos diferentes aos votos de federações e clubes.
A ação, iniciada em 2017 pelo Ministério Público, chegou a ser arquivada por Gilmar Mendes após um acordo em fevereiro deste ano, mas voltou à pauta após o fim do pedido de vista do ministro Flávio Dino. A decisão poderá impactar diretamente a legalidade do modelo eleitoral que conduziu Xaud ao poder.
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