Empresários e fazendeiros do Pantanal, junto a servidores da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul), estão sob investigação da Polícia Federal por participação em um esquema de grilagem de terras da União.
Segundo apurações, o grupo falsificava documentos e os inseria em processos administrativos de titulação, garantindo a posse ilegal de áreas dentro do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, localizado em faixa de fronteira.
Como funcionava a fraude
Os envolvidos omitiam a origem pública das terras, o que tornaria a Agraer incompetente para decidir sobre os terrenos. Apesar disso, os processos de titularização seguiam normalmente dentro do órgão, com indícios de pagamento de propina para garantir a aprovação dos títulos.
Caso a irregularidade fosse identificada antes da conclusão do processo, a fraude era justificada como erro na titularidade e o pedido cancelado. Se não houvesse contestação, a titularização seguia até a emissão dos documentos, garantindo a valorização e venda dos terrenos ilegalmente.
Bloqueio de bens e valores
Como parte da investigação, a Polícia Federal determinou o sequestro de bens e o bloqueio de valores que podem ultrapassar R$ 3 milhões. A ação busca interromper o ciclo de transações e identificar todos os beneficiários do esquema.
Cumprimento de mandados
A Operação Terra Nullius foi deflagrada nesta quinta-feira (8), e cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em Campo Grande e Rio Brilhante. Equipes estiveram no condomínio de luxo Terraville, no Parque dos Poderes, além da sede da Agraer, buscando elementos que comprovem o envolvimento dos suspeitos.
Os crimes investigados incluem falsidade ideológica, grilagem, associação criminosa e delitos ambientais.