Internas de presídio feminino de Campo Grande iniciam cursos de graduação

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  • Post publicado:29 de abril de 2025

Pela primeira vez, internas do Estabelecimento Penal Feminino de Regimes Semiaberto e Aberto de Campo Grande iniciaram cursos de graduação, em uma iniciativa inédita na unidade. A ação marca mais um passo no fortalecimento da educação em presídios de Mato Grosso do Sul, conforme dados da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário).

Nova estrutura para ensino presencial e EAD

Com apoio da Diretoria de Administração e Finanças (DAF) da Agepen, foi estruturada uma sala de estudos dentro do presídio, equipada com três computadores seminovos e acesso à internet. O espaço foi planejado para atender tanto cursos presenciais quanto de Ensino a Distância (EAD), permitindo que as internas utilizem login e senha personalizados para acessar os ambientes virtuais de aprendizagem.

Segundo a Agepen, a primeira turma já conta com três alunas matriculadas em uma faculdade particular, cursando Pedagogia, Sociologia e Segurança no Trabalho. As atividades acadêmicas acontecem no período da manhã, entre 7h30 e 10h, conciliando a rotina de estudos com o trabalho realizado pelas internas no Fórum.

Conforme a Divisão de Educação da Agepen, são as próprias reeducandas que financiam seus estudos. A instituição também articula, em parceria com a Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul), a oferta de cursos profissionalizantes para ampliar a qualificação no sistema prisional.

Entre as alunas está G.T.S.C.G., que iniciou o curso de Sociologia. Mãe solteira, ela destacou a importância da oportunidade: “Agradeço a dedicação da unidade penal por nos permitir começar a realizar uma parte do nosso sonho. Além disso, também posso ter remição na pena e voltar para minha vida”, afirmou.

Outra interna, J.F. da C., mãe de dois filhos, também celebrou a chance de recomeçar. “O motivo é simples: quero mostrar que nunca é tarde para recomeçar. Desde o dia que cheguei aqui, venho lutando para isso. Combinando o estudo ao trabalho, poderei voltar para casa o quanto antes”, relatou.

Expansão do acesso à educação

A diretora do Estabelecimento Penal, Cleide Nascimento, ressaltou que o início da graduação representa um avanço coletivo para a unidade. “A educação se apresenta, mais uma vez, como um caminho potente de reconstrução e dignidade, capaz de romper ciclos, acender novas esperanças e abrir portas onde antes, muitas vezes, só havia muros“, declarou.

Conforme a direção do presídio, o número de internas cursando ensino superior deve aumentar nos próximos meses, com a chegada de novos equipamentos e o interesse crescente entre as reeducandas. Ainda de acordo com Cleide, algumas internas podem receber autorização judicial para cursar o ensino superior fora da unidade, mas a estrutura montada internamente facilita a rotina, principalmente para aquelas que trabalham durante o dia.

Dados da Divisão de Educação da Agepen mostram que atualmente, em todo o sistema prisional do estado, 78 pessoas privadas de liberdade estão matriculadas em cursos superiores e uma realiza pós-graduação. Além disso, 632 estudam no ensino médio e 1.423 frequentam o ensino fundamental.

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