China impõe novas tarifas e acirra disputa comercial com os Estados Unidos

No momento, você está visualizando China impõe novas tarifas e acirra disputa comercial com os Estados Unidos
  • Autor do post:
  • Post publicado:12 de abril de 2025

A escalada da guerra comercial entre China e Estados Unidos ganhou novo capítulo com a decisão de Pequim de elevar as tarifas sobre produtos norte-americanos para até 125%. O anúncio ocorreu na sexta-feira (11) e foi uma resposta direta ao recente aumento de impostos promovido pelo governo de Donald Trump sobre itens chineses.

As medidas adotadas pelos dois países aprofundaram a instabilidade econômica global. Enquanto as bolsas norte-americanas fecharam a semana em leve alta, o mercado financeiro registrou sinais de aversão ao risco. O preço do ouro alcançou valor recorde durante a sessão, e os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos tiveram sua maior elevação semanal desde 2001. O dólar, por sua vez, perdeu força frente a outras moedas.

A tensão comercial também teve reflexos na confiança dos consumidores norte-americanos. Dados divulgados pela Universidade de Michigan apontaram que as expectativas de inflação atingiram os níveis mais altos desde 1981, além de queda expressiva no índice de sentimento do consumidor. A pesquisa mostrou ainda que até eleitores republicanos demonstraram menor otimismo diante do cenário atual.

Mesmo com os impactos negativos nos mercados, o ex-presidente Trump minimizou os efeitos das tarifas e defendeu a estratégia comercial. Em conversa com jornalistas, afirmou que a valorização do dólar seria inevitável com o tempo. “Quando as pessoas entenderem o que estamos fazendo, acho que o dólar vai subir muito”, declarou a bordo do Air Force One.

A retaliação chinesa ocorre em meio ao que a Casa Branca tem chamado de tarifas recíprocas. A medida levou Trump a decretar uma pausa de 90 dias para tarifas voltadas a outros países, mantendo o foco apenas na China. Segundo o governo, mais de 75 nações já iniciaram tratativas comerciais com os EUA desde o anúncio das novas regras.

Apesar de avanços com países como Índia e Japão, ainda não há sinal de acordo entre Washington e Pequim. Trump voltou a elogiar o presidente chinês Xi Jinping, mas admitiu que as divergências permanecem. “Podemos definir a tarifa e eles podem escolher não negociar conosco ou podem escolher pagá-la”, afirmou.

A elevação de tarifas de ambos os lados ameaça travar o comércio entre as duas maiores economias do planeta. Em 2024, esse fluxo comercial movimentou mais de US$ 650 bilhões. Analistas alertam que os custos adicionais gerados pelos impostos de importação tendem a ser repassados ao consumidor final, aumentando o risco inflacionário.

No mercado de títulos, os temores de que a China esteja se desfazendo de parte significativa de suas reservas em papéis do Tesouro americano aumentaram a volatilidade. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, está acompanhando de perto as movimentações.

Dados divulgados recentemente indicam que a pressão inflacionária ainda não se espalhou por toda a economia norte-americana, embora os preços dos metais industriais tenham subido. O Índice de Preços ao Produtor de março refletiu o impacto das tarifas em vigor sobre aço e alumínio.

Segundo o economista-chefe do Comerica Bank, Bill Adams, o cenário tarifário será determinante para os rumos da inflação: “Se as tarifas permanecerem em vigor, elas elevarão consideravelmente a inflação nos próximos meses”.