33 fazendas concentram quase 18% das queimadas no Pantanal nos últimos cinco anos

MS prorroga emergência ambiental até 30 de novembro devido ao risco extremo de incêndios florestais.

Nos últimos cinco anos, 33 fazendas no Pantanal foram responsáveis por quase 18% da área devastada por incêndios. O levantamento, divulgado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), aponta que, das 5,9 milhões de hectares queimados no período, 1 milhão pertence a essas propriedades, onde foram registrados pelo menos três grandes focos de fogo.

De acordo com Luciano Furtado Loubet, diretor do Núcleo Ambiental do MPMS, o foco das autoridades está na prevenção das queimadas no Pantanal.

queimadas no pantanal
33 fazendas concentram quase 18% das queimadas no Pantanal nos últimos cinco anos

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A gente está dando prioridade máxima para o trabalho preventivo. Para justamente identificar porque isso está acontecendo. Nós chamamos os proprietários para orientá-los sobre o manejo integrado do fogo. Se você tem uma propriedade que, nos últimos cinco anos, começaram incêndios três vezes lá, a gente tem que trabalhar essa matéria“, destacou Loubet durante uma reunião realizada na última segunda-feira.

Os relatos dos fazendeiros indicam que muitos dos incêndios têm origem em áreas próximas a rios e estradas, levantando questionamentos sobre a responsabilidade pelos focos. “Não quer dizer que os proprietários começaram o fogo“, ponderou o promotor.

queimadas queimadas no pantanal
Grande parte das queimadas no pantanal ocorrem em áreas próximas de rios

Em 2023, o MPMS vistoriou 75 dos 147 pontos onde houve ignição de incêndios. Algumas regiões, no entanto, são de difícil acesso, impossibilitando até mesmo a chegada de helicópteros, o que gera dúvidas sobre a possibilidade de intervenção humana no início das chamas. A fiscalização resultou na aplicação de quatro multas.

Programa Pantanal em Alerta

O Ministério Público vem atuando em duas frentes para combater os incêndios na região: a prevenção e a fiscalização.

O Ministério Público, por meio do programa Pantanal em Alerta, vem trabalhando essa questão dos incêndios em duas vertentes. Uma preventiva, de identificar as propriedades que são prioritárias, e outra vertente de fiscalização. Identificar onde os incêndios começam“, explicou Loubet.

O promotor participou do 1º Seminário Internacional de Manejo Integrado do Fogo no Pantanal, realizado na sede do MPMS em Campo Grande, entre os dias 2 e 3 de abril. Durante o evento, relembrou experiências pessoais que evidenciam os desafios ambientais da região.

Entre as memórias, citou o assoreamento do Rio Taquari, que testemunhou aos nove anos, e a degradação do afluente Santa Maria, pertencente ao Rio Perdido, que desapareceu em menos de duas décadas devido ao acúmulo de sedimentos.