Mesmo sem casos do novo coronavírus confirmados em Mato Grosso do Sul, a Santa Casa de Campo Grande, maior hospital do Estado, prepara estoque, profissionais e cogita até criar ala específica de internação para enfrentar as suspeitas nas próximas três semanas, quando deve haver aumento exponencial dos casos, como já comunicou o Ministério da Saúde. “Será muito difícil conter”, alerta a infectologista da unidade, Priscila Alexandrino.
Nesta quarta-feira, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou pandemia de covid-9. São mais de 118 mil casos em 114 países e 4.291 pessoas já morreram em decorrência da doença. No Mato Grosso do Sul, até esta quarta-feira, sete casos eram investigados.
Há cerca de um mês, a Santa Casa já havia colocado em prática plano de contingenciamento para lidar com os casos suspeitos da doença. Inclusive leitos de isolamentos foram disponibilizados. Profissionais da área médica já passaram por treinamento e agora protocolo de atendimento é repassado os funcionários do setor administrativo.
O grande desafio será quanto à disponibilidade de insumos e de leitos. O hospital mantém cerca de 600 leitos e de agora em diante há mais chance de precisar utilizar, por exemplo, leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A administração cogita até a criação de uma ala específica para atender as suspeitas da doença. “Isso é fazer o isolamento”, explica Alexandrino.
Itens básicos, mas que podem prevenir de forma eficiente à disseminação da doença, as máscaras e o álcool gel podem esbarrar no desabastecimento. Além do aumento considerável dos preços, está difícil encontrar fornecedores com estoque. A Santa Casa, no entanto, diz que está abastecida, mas se preocupa com o aumento dos casos.
Conforme Alexandrino, foi feita previsão de compra e há conversa com fornecedores de São Paulo e outros estados do País. “A gente tem conseguido com prazo maior do que o habitual, mas a gente não está desabastecido em hipótese nenhuma. A gente só está comprando uma maior quantidade para que a gente possa ficar mais tranquilo”, destacou.
Prevenção
Grupo com maior letalidade, as pessoas com mais de 60 anos devem atender medidas de prevenção específicas, como a de evitar viagens. Aglomerações também não são recomendadas e a apreciação do tereré, bebida típica da região, deve ser feita de forma individual. O aperto de mão e a utilização de álcool gel 70% podem dificultar a disseminação da doença.
Alexandrino destaca a importância de adotar as medidas, já que não é possível saber como o vírus vai se comportar no ambiente brasileiro. Caracterizada por coriza, tosse, dor de garganta e febre, a doença também pode ser assintomática. Conforme a infectologista, as pessoas podem procurar o exame de forma voluntária nas unidades de saúde e nos hospitais.