Italianos são investigados por financiar “safari humano” contra civis em Sarajevo

Investigação em Milão apura envolvimento de italianos em "safari humano" contra civis em Sarajevo durante a Guerra da Bósnia. Valores chegavam a 100 mil euros.
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A Procuradoria de Milão abriu investigação sobre cidadãos italianos que teriam pago até 100 mil euros por um fim de semana para participarem de um “Safari humano” e disparar contra civis em Sarajevo durante a Guerra da Bósnia, segundo reportagens italianas que apuraram valores entre 80 e 100 mil euros por participação.

Estimativas apontam que cerca de uma centena de pessoas, com gosto por armas e ligações à extrema-direita, viajaram para a região para esse fim, conforme as apurações. Os participantes teriam recorrido a milícias sérvias para se tornarem “atiradores por um fim de semana” e praticarem os disparos contra civis desarmados.

As viagens descritas nas informações envolviam trajetos entre Trieste, na Itália, e Belgrado, realizando voos pela companhia aérea sérvia Aviogenex, e seguimentos até as colinas que cercavam Sarajevo, onde se teria desenvolvido a ação.

Investigação em Milão apura envolvimento de italianos em "safari humano" contra civis em Sarajevo durante a Guerra da Bósnia. Valores chegavam a 100 mil euros.
Investigações apuraram que italianos chegavam a pagar o equivalente a 110 mil euros para participarem de verdadeiras caçadas a civis e crianças

Relatos sobre o esquema indicam que, nessa alegada caçada humana, as crianças eram alvos com maior valor comercial para os organizadores, enquanto os idosos eram considerados sem valor.

No total, as mortes ocorridas durante o conflito na Bósnia-Herzegovina são estimadas em mais de 11 mil pessoas, segundo as mesmas fontes que motivaram a investigação.

A apuração em Milão foi deflagrada a partir de uma queixa apresentada pelo jornalista Ezio Gavazzeni, com o apoio de dois advogados e de um antigo magistrado. O processo visa identificar eventuais participantes dessas ações.

“Estamos falando de pessoas com dinheiro, com reputações a manter, homens de negócio, que, durante o cerco de Sarajevo, pagaram para matar civis desarmados. (…) E depois regressavam [a casa] e continuavam com as suas vidas normais”, explica o jornalista italiano Ezio Gavazzeni, autor da queixa.

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