As escolas municipais rurais Polo São Lourenço e Paraguai-mirim, no Pantanal, receberam cercamento no entorno dos prédios e promoveram atividades de educação ambiental voltadas à coexistência entre humanos e fauna, especialmente diante da presença da onça-pintada nas redondezas.
Mais de 40 alunos participaram das ações entre os dias 5 e 9 de novembro, com palestras, dinâmicas e atividades lúdicas que reforçaram a importância da conservação e da convivência segura com a biodiversidade local.
A iniciativa integrou o projeto Semeando o Amanhã, coordenado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), com apoio da Brigada Alto Pantanal, Brigada Comunitária Ecoa, Prefeitura de Corumbá, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Defesa Civil Municipal, Ibama e pais dos estudantes.

A gestora de projetos do IHP, Isabelle Bueno, explicou que as crianças tiveram a oportunidade de participar de atividades extras e acompanhar a instalação do cercamento nas escolas.
“A gente sente uma energia muito boa e mostra o tanto que o trabalho de conservação vale a pena e faz sentido. Essa é uma medida para tentar trazer mais segurança às crianças, aos professores e dar mais tranquilidade aos pais. É real a preocupação que os pais têm com relação à presença de onça-pintada nos arredores de escolas. Esse trabalho está sendo desenvolvido com muitos braços. A gente decidiu ir além do cercamento e falar sobre educação ambiental, coexistência. O intuito é oferecer informações da ciência e juntar isso com o conhecimento cotidiano das comunidades para mostrar que é possível coexistir. Também decidimos abordar muitos outros projetos que existem e podem ser aprimorados em parceria”, disse.
O cercamento da escola Polo São Lourenço exigiu transporte de materiais em duas viagens de barco de cerca de 15 minutos cada e dois dias de trabalho das brigadas Alto Pantanal e Comunitária Ecoa. Na escola Paraguai-mirim, a estrutura já estava montada e foi finalizada pelas equipes.

A diretora da Escola das Águas na Prefeitura de Corumbá, Tatiana Isabela Gomes, participou das ações e destacou a importância das parcerias para superar os desafios logísticos do Pantanal.
“A logística é um desafio no Pantanal e ter o apoio ajuda muito para gente conseguir estar em locais muito remotos. Uma instituição apenas pode não conseguir fazer tantas coisas. Com parcerias, somos um corpo muito mais longo. E quem acaba tendo benefício são os estudantes, agregando ao conhecimento deles novas informações por meio de palestras e outras atividades. A gente faz questão também de mostrar que essa comunidade faz parte desse conjunto de trabalho”, concluiu.
O técnico em educação ambiental da Prefeitura de Corumbá, Wandir Navarro, também esteve presente e levou o mascote Joca, que promoveu atividades lúdicas com as crianças.
“A gente veio aqui para a comunidade com o Joca. Ele é um defensor da natureza. Ele, com vários braços, nessa parceria com diferentes instituições, consegue fazer muito mais. Aqui no Pantanal, tudo é muito grande e distante e faz a diferença fazer um trabalho em conjunto. Juntos conseguimos ser fortes”.
O coordenador de brigadas da Defesa Civil Municipal, Subtenente Gilson Gonçalves, reforçou que a união das instituições busca implantar medidas de conservação e prevenção.

“O objetivo de todos é um só, que representa a conservação do Pantanal. A Defesa Civil quer vir na escola com essas outras instituições para repassar todo o trabalho que pode ser feito, orientações para professores e para alunos. E ainda com a ideia de fazer algo lúdico para gerar mais impacto nas crianças. As demandas do Pantanal são gigantescas e a prevenção vem em primeiro lugar”.
O representante do Ibama, Walber Douglas Odorico Nori, geógrafo e técnico ambiental, destacou a importância da integração entre diferentes instituições.
“Essa integração é algo muito salutar, porque, às vezes, uma só instituição não tem toda a estrutura para atender demandas em todas as comunidades. Ao integrar várias instituições, de alguma forma a gente consegue realizar mais atividades, oferece um melhor atendimento para as comunidades. Com o IHP, por exemplo, sabemos que é uma instituição que está no território e consegue nos ajudar”.
Além do cercamento, o IHP mantém internet via Starlink desde agosto de 2022 nas escolas do Polo São Lourenço, além de sistema de captação de água com energia solar e apoio para aceiros, limpezas e manejo de resíduos.
O projeto Semeando o Amanhã já promoveu o plantio de 220 mudas de árvores nativas e ações de educação ambiental em comunidades rurais, urbanas e indígenas da região desde fevereiro deste ano.
