Senador e presidente da CPI do Crime Organizado defende respostas técnicas e medidas mais duras sem politização do tema
O senador Fabiano Contarato, eleito para presidir a CPI do Crime Organizado no Senado, afirmou que o campo progressista precisa abandonar a visão romantizada sobre segurança pública e adotar posturas mais responsáveis e técnicas. Delegado da Polícia Civil por 27 anos no Espírito Santo, o parlamentar defende o endurecimento de penas para adolescentes em conflito com a lei, critica a saída temporária de presos condenados por crimes contra a vida e não vê problema em equiparar facções criminosas ao terrorismo.
“Direitos humanos é muito amplo. Mas, durante muito tempo, ficou esse estigma de que nós defendemos pessoas que violaram qualquer âmbito criminal. É isso que tem que ser mudado”, disse Fabiano Contarato à Agência Brasil.
Agenda da CPI e preocupação com a politização
Contarato disse que vai trabalhar para que a comissão não seja dominada por disputas eleitorais e por radicalismos ideológicos. Ele afirmou que a condução do trabalho será técnica e objetiva, com foco em respostas concretas à população, e ressaltou a intenção de evitar pirotecnia e atritos desnecessários entre governo e oposição.
“Tenho a plena convicção que tanto eu, como presidente, como o senador Alessandro Vieira [o relator], ambos egressos da Polícia Civil como delegados de polícia, bem como o vice-presidente da CPI, que é o senador Hamilton Mourão, queremos focar esse trabalho de forma mais técnica, de forma mais objetiva e sem pirotecnia, sem ficar deixando se levar para um comportamento mais ideológico e partidário”, disse o senador Fabiano Contarato à Agência Brasil.
Posições sobre penas, adolescentes e facções
Além de apontar a necessidade de uma abordagem não partidária, Contarato defendeu medidas concretas para enfrentar o crime organizado. Segundo ele, é preciso revisar regras que permitem saídas temporárias de detentos condenados por crimes contra a vida e avaliar com rigor políticas que, na sua avaliação, fragilizam a segurança pública. O senador também manifestou respaldo à ideia de equiparar, em determinados contextos, a atuação de facções criminosas a atos de terrorismo.
O parlamentar, que foi eleito senador em 2018 pela Rede e se filiou ao PT em 2022, destacou sua experiência prática e acadêmica na área de segurança. Ele leciona disciplinas de direito e processo penal desde 1999 e informou que aceitar a presidência da CPI não significou renunciar às convicções adquiridas na carreira policial.
“Passou da hora – e isso é público e notório – de o campo progressista começar a falar com responsabilidade, com os pés no chão e sem romantizar essa área, para dar uma resposta à sociedade”, disse Fabiano Contarato à Agência Brasil.
Contarato afirmou que a CPI buscará produzir resultados em defesa da segurança pública como direito de todos e dever do Estado, preservando o respeito entre os senadores e evitando que a comissão se transforme em palco de disputas eleitorais.

