O tratorista João do Nascimento Batista, de 62 anos, confessou à polícia ter envenenado o ex-enteado Cléber Arguelho Neto, de 22 anos, com um sanduíche de pão e mortadela misturado a chumbinho, veneno proibido no Brasil. O crime ocorreu no último domingo (26/10), no bairro Jardim Campo Grande, em Bataguassu (MS). A vítima chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros, mas morreu no hospital.
Segundo o boletim de ocorrência, uma moradora ouviu os pedidos de socorro do jovem e acionou a polícia. Antes de perder a consciência, Cléber afirmou ter sido envenenado pelo ex-padrasto. No local, os agentes encontraram um saco com pão e mortadela contaminados.
Confissão e prisão
Após diligências, os policiais localizaram João em sua residência. No lixo, havia embalagens de pão e mortadela semelhantes às encontradas com a vítima. Inicialmente, o idoso negou envolvimento, mas depois admitiu ter colocado veneno no alimento. Ele alegou que o jovem era usuário de drogas e o ameaçava com frequência, inclusive com faca.
João foi preso em flagrante e levado à delegacia. Durante a audiência de custódia, a prisão preventiva foi decretada, mas convertida em prisão domiciliar, devido às limitações físicas do acusado, que apresenta atrofia em uma das mãos e dificuldade de locomoção.
O perigo do chumbinho
O “chumbinho” é um veneno clandestino, sem registro na Anvisa, cuja comercialização é proibida no país. Normalmente contém aldicarb ou derivados de organofosforados, substâncias altamente tóxicas usadas em agrotóxicos restritos.
Quando ingerido, o composto bloqueia a enzima acetilcolinesterase, provocando acúmulo de acetilcolina no sistema nervoso. Esse processo desencadeia a chamada síndrome colinérgica, que pode levar a colapso respiratório, cardíaco e cerebral.
Os sintomas aparecem em menos de uma hora e incluem náusea, vômitos, suor excessivo, salivação intensa, pupilas contraídas, dor abdominal e diarreia. Em casos graves, podem ocorrer convulsões, arritmia, coma e parada respiratória.
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