O Brasil venderá 6 milhões de barris de petróleo à Índia ao longo de um ano, informou nesta quinta-feira (16) o vice-presidente Geraldo Alckmin, durante visita oficial a Nova Déli. O contrato foi assinado pela Petrobras e integra a estratégia de ampliar a cooperação energética e comercial entre os dois países.
Além do fornecimento, Alckmin destacou que a estatal lançará 18 blocos offshore para exploração de petróleo nas bacias de Santos e Campos. “É recorde. São 18 blocos no ano que vem e um número ainda maior em terra”, afirmou o vice-presidente.
Acordo comercial e contexto internacional
O anúncio ocorre em meio à pressão dos Estados Unidos sobre a Índia, que enfrenta tarifas de até 50% devido à compra de petróleo russo. Apesar das sanções, a Rússia ainda responde por mais de um terço do consumo energético indiano. Nesse cenário, a parceria com o Brasil é vista como alternativa estratégica para diversificar fornecedores.
Durante a missão, Brasil e Índia também definiram um cronograma para ampliar o Acordo de Comércio Preferencial Mercosul–Índia, considerado restrito. O tratado atual cobre 450 categorias de produtos, com reduções tarifárias entre 10% e 20%. O governo brasileiro projeta elevar o comércio bilateral para US$ 15 bilhões em 2025 e US$ 20 bilhões até 2026.
“Temos um acordo de preferência tarifária que cobre poucas linhas. Podemos ampliar e aprofundar para aumentar nossa competitividade”, declarou Alckmin. Já a diretora de negócios da ApexBrasil, Ana Repezza, avaliou que “a ampliação tornou-se prioridade estratégica, especialmente após as tensões com os Estados Unidos”.
Missão empresarial e cooperação setorial
A delegação brasileira levou representantes de 20 setores, entre eles agronegócio, tecnologia, energia e saúde. As conversas incluíram redução de tarifas, acesso ao mercado indiano, criação de visto eletrônico para empresários e parcerias farmacêuticas.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, deve chegar a Nova Déli nesta sexta-feira (17) para aprofundar as negociações na área da saúde.
As iniciativas reforçam a aproximação entre Brasil e Índia em um momento de reconfiguração geopolítica global, no qual ambos buscam ampliar sua presença no comércio internacional e consolidar-se como atores centrais do Sul Global.
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