Mortes por calor podem dobrar na América Latina até 2054, aponta estudo

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  • Post publicado:16 de outubro de 2025

O calor extremo já responde por quase 1 em cada 100 mortes na América Latina e, segundo projeções, esse número pode mais que dobrar nas próximas duas décadas, alcançando 2,06% do total de óbitos entre 2045 e 2054. A estimativa faz parte do projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina (Salurbal-Clima), que analisou dados de 326 cidades em nove países, incluindo o Brasil.

Atualmente, a taxa é de 0,87%, mas o envelhecimento populacional somado ao aquecimento global, estimado entre 1 ºC e 3 ºC, deve ampliar significativamente a mortalidade relacionada ao calor.

Impactos e vulnerabilidades

De acordo com o professor Nelson Gouveia, da Faculdade de Medicina da USP, “as pessoas idosas e as mais pobres são as que mais sofrem. Quem vive em áreas periféricas, em moradias precárias e sem acesso a ar-condicionado ou a espaços verdes terá mais dificuldade para enfrentar ondas de calor cada vez mais intensas. As mortes são apenas a ponta do iceberg. O calor extremo aumenta o risco de infartos, insuficiência cardíaca e outras complicações, especialmente em pessoas com doenças crônicas”.

No Brasil, os pesquisadores utilizaram informações do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do DataSUS e do Censo do IBGE. O estudo mostra que, assim como em outros países da região, tanto o calor quanto o frio devem impactar mais a saúde pública, com destaque para o crescimento da população acima de 65 anos, grupo mais suscetível.

Medidas de adaptação sugeridas

Os especialistas defendem que parte dessas mortes pode ser evitada com políticas de adaptação climática, como:

  • Planos de ação para ondas de calor e protocolos de saúde pública voltados a idosos e pessoas com doenças crônicas.
  • Sistemas de alerta precoce, com comunicação acessível à população.
  • Expansão de áreas verdes e criação de corredores de ventilação urbana para reduzir ilhas de calor.
  • Educação comunitária sobre riscos e formas de proteção.

Um exemplo citado é o Rio de Janeiro, que já adota protocolos específicos para atendimento em dias de calor intenso.

Sobre o projeto Salurbal-Clima

O estudo integra o Salurbal-Clima, que reúne pesquisadores de nove países latino-americanos e dos Estados Unidos. Com duração de cinco anos (2023-2028), o projeto busca evidências científicas sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde urbana. Os resultados foram publicados na revista Environment International.

O estudo completo está disponível na revista eletrônica Environment International (clique aqui).

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