Pesquisadores manifestaram preocupação com a expansão da LHG Mining após a descoberta de um ninho de harpia no Pantanal (Harpia harpyja) no Maciço do Urucum, em Corumbá. O registro, feito em junho e monitorado pelo Imasul desde agosto, envolve uma das aves mais raras e ameaçadas do continente.
A pesquisadora Tânia Sanaiotti, criadora do Projeto Harpia, destacou que a espécie é raríssima no Pantanal e no Cerrado, mas vem se reproduzindo na região. Ela lembrou ainda que há registro de outro ninho na Serra da Bodoquena, considerado um marco científico.

“É necessário avaliar a expansão da mineradora de forma que economia e natureza possam coexistir em equilíbrio”, afirmou.
O tema foi discutido em audiência pública realizada nesta quinta-feira (2), no Centro de Convenções de Corumbá, onde foram apresentados o empreendimento e o EIA/RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) da LHG Mining.
Em nota, a empresa informou que o documento “foi desenvolvido com a expertise de 39 profissionais, entre cientistas e especialistas de diferentes áreas” e que “é amplo e detalhado, elaborado em conformidade com a legislação vigente”.

Pesquisadores defendem que é possível conciliar a ampliação das atividades com a conservação da espécie. Eles alertam, no entanto, que a expansão ameaça rotas de caça e a sobrevivência de presas como macacos-prego e bugios, fundamentais para o equilíbrio da cadeia alimentar.
Registrada pela primeira vez na região em 2009, a harpia pode atingir 2,2 metros de envergadura e pesar até 7 kg. A ave depende de áreas preservadas para se alimentar e reproduzir, sendo extremamente sensível a ruídos, movimentação e poeira. Nessas condições, conforme os especialistas, pode abandonar os ninhos.
Sanaiotti lembrou que a espécie tem reprodução lenta: alcança a maturidade sexual aos sete anos e gera apenas um filhote a cada três anos, o que torna qualquer perda de habitat praticamente irreversível.
