Folha de pagamento do Estado soma R$ 9,9 bilhões e ultrapassa limite da LRF

Balanço da LRF mostra folha de pessoal de MS em R$ 9,9 bilhões, acima do limite prudencial definido em lei.
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  • Post publicado:29 de setembro de 2025

O Governo de Mato Grosso do Sul divulgou nesta segunda-feira (29) novo balanço referente à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), indicando que as despesas com a folha de pessoal continuam acima do limite prudencial. O relatório mostra que, em doze meses, foram destinados R$ 9,9 bilhões ao pagamento de servidores ativos e inativos, valor superior ao patamar de 46,55% da receita corrente líquida, que é de R$ 21,1 bilhões. Pela LRF, o Executivo pode comprometer até 49% da receita com pessoal, o que corresponderia a R$ 10,3 bilhões.

O limite de alerta é atingido quando os gastos chegam a 44,10% da receita, equivalente a R$ 9,3 bilhões, enquanto o prudencial é fixado em R$ 9,8 bilhões. A lei considera apenas os recursos efetivamente disponíveis, desconsiderando repasses obrigatórios da União e valores destinados à previdência.

Detalhes da folha e comparativos

Em agosto, a folha de pagamento somou R$ 1,044 bilhão, valor próximo ao registrado em março, abril e maio, após aumentos em junho e julho. No acumulado de doze meses, os pagamentos chegaram a R$ 13,1 bilhões, sendo R$ 8,2 bilhões para servidores ativos e R$ 4,7 bilhões para aposentados e pensionistas. Algumas despesas, como indenizações e determinações judiciais, não entram no cálculo exigido pela LRF.

Primeira parcela do 13º salário dos servidores estaduais de Mato Grosso do Sul será paga em setembro.

No período anterior, entre maio de 2024 e abril de 2025, os gastos com pessoal haviam alcançado R$ 9,6 bilhões. Além do limite de 49% para o Executivo, a LRF estabelece tetos de 6% para o Judiciário, 3% para o Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas, e 2% para o Ministério Público.

O governo atribui a dificuldade de enquadramento à queda na arrecadação de tributos, especialmente do ICMS sobre o gás natural boliviano, que entra no país por Corumbá. Esse imposto já representou quase um terço da arrecadação estadual, mas hoje corresponde a cerca de 30% do que já significou.

Receita, despesas e arrecadação

O relatório também revisou a previsão de receitas, que passou de R$ 24,197 bilhões para R$ 24,471 bilhões. Até agosto, foram arrecadados R$ 15,813 bilhões, sendo R$ 9,2 bilhões em tributos, dos quais R$ 8,8 bilhões em impostos como ICMS, IPVA e ITCD. Operações de crédito somaram R$ 311,2 milhões e repasses obrigatórios da União chegaram a R$ 89,9 milhões. As despesas liquidadas até agosto foram de R$ 15,7 bilhões, e a previsão total de gastos subiu para R$ 26,1 bilhões.

Na comparação anual, entre setembro do ano passado e agosto deste ano, a receita totalizou R$ 24,9 bilhões, enquanto as despesas ficaram em R$ 23,7 bilhões, o que representa comprometimento de 95,14% do que entrou nos cofres públicos. O governo afirma que precisa reduzir custeio para manter capacidade de investimento em infraestrutura.

O balanço mostra ainda que agosto foi o mês de maior arrecadação de ICMS em 2025, com R$ 1,562 bilhão, seguido de abril, com R$ 1,5 bilhão. O menor valor foi em maio, com R$ 1,351 bilhão. No acumulado de doze meses, o imposto gerou R$ 17,4 bilhões, sendo R$ 11,5 bilhões apenas em 2025. Outras fontes de receita incluem a devolução do imposto de renda retido na folha, que somou R$ 1,9 bilhão, e o IPVA, com R$ 1,1 bilhão.

A dívida consolidada do Estado até agosto é de R$ 9,7 bilhões. Pela LRF, o Executivo tem dois quadrimestres para ajustar a folha, sendo necessário reduzir um terço já no primeiro. Entre as medidas previstas estão cortes de cargos comissionados, de horas extras e até de efetivos, caso não haja economia suficiente.

A lei determina que os balanços sejam apresentados ao Legislativo. A Prefeitura de Campo Grande, por exemplo, publicou seus dados na semana passada e fará a apresentação oficial aos vereadores nesta terça-feira (30).

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