A safra de soja 2025/26 começou nos Estados Unidos em clima de incerteza. Pela primeira vez, os produtores americanos iniciam a colheita sem nenhum contrato fechado com a China, maior compradora mundial do grão.
Dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostram que, até setembro, não havia registro de vendas para os chineses. Em anos sem disputas comerciais, a China já havia adquirido em média 14% de suas compras anuais nesse período. Em 2024, eram 3,9 milhões de toneladas contratadas; em 2023, 6,3 milhões; e em 2022, 11,4 milhões.
A Associação Americana da Soja (ASA) aponta que o Brasil tem ocupado esse espaço. Entre abril e julho de 2025, os chineses compraram volumes recordes do grão brasileiro. Além disso, em agosto, foram anunciados novos contratos: 8 milhões de toneladas para setembro e 4 milhões para outubro.
Compra de soja dos EUA pela China
Em 28 de agosto de cada ano
Em toneladas métricas

A Argentina também avança. Em julho, concretizou sua primeira venda de farelo de soja à China, produto usado na fabricação de ração animal, setor que concentra o consumo da oleaginosa.
Pressão política
Diante do impasse, exportadores americanos apelaram ao presidente Donald Trump. Em 11 de agosto, ele usou as redes sociais para pedir que Pequim quadruplicasse as compras de soja dos EUA como forma de reduzir o déficit comercial. O apelo não foi atendido e, dias depois, a ASA enviou uma carta ao governo.
O documento, assinado por Caleb Ragland, presidente da entidade, afirma que os produtores estão “à beira de um precipício comercial e financeiro” e pede a retirada das tarifas retaliatórias impostas pela China, além de compromissos de compra.
Segundo Ragland, o movimento chinês em direção ao Brasil reforça o risco de perda estrutural de mercado para os americanos.
“Infelizmente para nossos produtores, a China firmou contrato com o Brasil para atender às necessidades dos próximos meses, evitando a compra de soja dos Estados Unidos”, declarou.