A Comissão Europeia apresentará nesta quarta-feira (3) a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O texto, concluído em dezembro após 25 anos de negociações, será submetido ao Parlamento Europeu e dependerá ainda de aprovação por maioria qualificada entre os governos do bloco.
O acordo enfrenta forte resistência da França, principal produtora de carne bovina da Europa, que considera os termos “inaceitáveis”. O governo francês, ao lado de grupos de agricultores e ambientalistas, alega que a medida facilitaria a entrada de commodities sul-americanas a preços baixos e com padrões ambientais inferiores aos exigidos pela UE.
Os defensores, liderados por Alemanha e Espanha, argumentam que o tratado é estratégico para compensar perdas comerciais causadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump e para reduzir a dependência da China, sobretudo em minerais críticos, como o lítio usado em baterias.
Segundo a Comissão, trata-se do maior acordo de redução tarifária já firmado pela UE, com benefícios também para produtos agrícolas europeus, como queijos, vinhos e presuntos. Já opositores, como o grupo ambientalista Friends of the Earth, classificam o texto como “destruidor do clima”.
Analistas apontam que a proposta pode ser barrada tanto no Parlamento Europeu, onde partidos verdes e de extrema direita se opõem ao acordo, quanto no Conselho, caso países como Itália e Polônia se alinhem à posição francesa.