O Mounjaro e outros medicamentos modernos contra a obesidade estão cada vez mais próximos de alcançar resultados comparáveis aos de uma cirurgia bariátrica, segundo avaliação do nutrólogo Paulo Gusmão. Ele destacou a retatrutida, ainda em fase de testes, como uma das maiores promessas, com potencial de provocar uma perda de peso de até 25% em apenas doze meses.
Em entrevista, concedida ao videocast “Alt Tabet” Gusmão explicou que a gastroplastia sleeve — procedimento cirúrgico mais realizado atualmente — apresenta resultados semelhantes aos obtidos com a retatrutida. Apenas o bypass gástrico superaria os efeitos, mas por se tratar de um método mais agressivo, envolve riscos maiores e longo acompanhamento médico.
Apesar do entusiasmo com os novos medicamentos, o especialista lembrou que eles não substituem hábitos saudáveis. Para ele, remédios como o Ozempic continuam sendo importantes no processo de supressão do apetite, mas só alcançam sucesso real quando associados à prática de atividade física e à reeducação alimentar.

Outro ponto levantado foi o acesso aos tratamentos. O nutrólogo defendeu que, com o avanço da ciência, os custos sejam reduzidos e a rede pública também possa oferecer essas medicações. Segundo ele, o impacto social seria significativo, já que a obesidade é um dos maiores problemas de saúde da atualidade.
Sobre suplementos como whey protein, Gusmão afirmou que pessoas saudáveis não precisam utilizá-los se mantiverem uma alimentação equilibrada e rica em proteínas. Ele ressalta que a suplementação só é indicada quando há dificuldade em suprir as necessidades nutricionais pela dieta.
A retatrutida, desenvolvida pela farmacêutica Eli Lilly, atua de forma diferente dos medicamentos já disponíveis. Enquanto opções como o Ozempic agem em um ou dois hormônios, a nova fórmula combina três frentes: GIP, GLP-1 e glucagon. Essa ação múltipla reduz o apetite, acelera a queima de gordura e melhora o controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2.
Um estudo publicado em junho de 2023 no The New England Journal of Medicine mostrou que pacientes em tratamento com a retatrutida perderam até 24% do peso em 48 semanas. A pesquisa está atualmente em fase 3 e deve ser concluída até 2026, podendo confirmar de vez a eficácia e segurança do medicamento.