Audiência discute Malha Oeste e nova rota ferroviária entre Brasil e Pacífico

Audiência discute reativação da Malha Oeste e conexão com o Pacífico para reduzir custos logísticos.
Estações do Estado sofrem com abandono e depredação - Foto: Arquivo/Correio do Estado
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  • Post publicado:18 de agosto de 2025

A reativação da Malha Oeste entre São Paulo e Mato Grosso do Sul foi tema central de uma audiência pública realizada em Campo Grande, com foco na conexão ferroviária do Brasil ao Oceano Pacífico. A proposta busca transformar a antiga linha férrea em um corredor estratégico para exportações, aproveitando trilhos já existentes e evitando grandes impactos ambientais.

audiencia ferrovia Malha Oeste
Audiência discute Malha Oeste e nova rota ferroviária entre Brasil e Pacífico

Com 1.973 km de extensão, a Malha Oeste liga Mairinque (SP) a Corumbá (MS) e pode se tornar peça-chave na ligação entre o Atlântico e o Pacífico. A ideia é utilizar a infraestrutura da EF‑265 (Santos‑Corumbá), que compartilha a mesma bitola usada em países vizinhos, permitindo o tráfego contínuo de trens até o destino final.

Durante o encontro, o diplomata João Carlos Parkinson de Castro, do Ministério das Relações Exteriores, apresentou alternativas para alcançar o Porto de Chancay, no Peru. Segundo ele, “não há consenso no governo peruano sobre o melhor traçado”, mas há caminhos viáveis. Uma das opções envolve a extensão da Ferrovia de Integração do Centro‑Oeste (FICO) até o território peruano, com obras estimadas em US$ 33 bilhões e prazo de oito anos.

mapa ferrovia Malha Oeste

Outra rota, considerada mais rápida e econômica, passa pela Bolívia. “A integração com a Bolívia, entre Oruro e Cochabamba, exigiria investimentos de 2 a 3 bilhões de dólares. A partir de Desaguadero, chega‑se ao porto de Ilo e, por cabotagem, alcançamos Chancay em menos tempo e com menor custo”, explicou Parkinson.

Afonso Carneiro, especialista em transporte ferroviário, destacou que a inauguração do Porto de Chancay, pode reduzir em até 10 dias o tempo de transporte para a Ásia e gerar economia de até 20% nos custos logísticos.

Além da vantagem operacional, a reativação da Malha Oeste evita a construção de mais de 4.200 km de novos trilhos e não atravessa áreas sensíveis como a Floresta Amazônica ou territórios indígenas. O projeto é visto como oportunidade para ampliar o escoamento da produção sul‑mato‑grossense e fortalecer a presença brasileira no comércio internacional.

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