Mensagens trocadas por moradores do condomínio onde Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar em Brasília revelam desconforto com a movimentação gerada nos últimos dias. Os relatos, vazados de um grupo de WhatsApp intitulado “Assuntos Gerais Solar bsb”, indicam que vizinhos enfrentam dificuldades para acessar suas casas e apontam o risco de acampamentos se formarem nas proximidades.
As conversas aconteceram na noite de domingo (4) e ganharam repercussão após a publicação de prints nas redes sociais e portais de notícia. Um dos moradores se queixou do cenário próximo à portaria: “Buzinaço, polícia, corneta, um inferno”, escreveu, às 23h16. Outro seguiu: “Se armarem acampamentos, estamos ferrados. Ninguém entra mais”.
O condomínio Solar de Brasília, localizado no Jardim Botânico, é o local onde o ex-presidente foi autorizado a cumprir prisão domiciliar após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo as publicações, o número de pessoas circulando no entorno aumentou consideravelmente após a decisão, o que gerou irritação entre alguns condôminos.
Em meio às reclamações, um morador mencionou a Polícia Militar, dizendo que o efetivo no local não conseguiu conter a confusão. Outro afirmou que a situação poderia levar à transferência de Bolsonaro para o Complexo Penitenciário da Papuda. “Podia levar de uma vez pra lá. Ao menos dá sossego pra gente e pra mais 200 milhões”, escreveu, recebendo curtidas de outros integrantes do grupo.
A troca de mensagens também incluiu ironias e piadas. Um participante comentou: “Tá na hora do Jair, tá na hora do Jair, Jair embora”. Em seguida, surgiu o questionamento sobre o uso político do grupo. Um morador lembrou que o espaço foi criado para assuntos cotidianos do condomínio, como problemas nas quadras, regularizações e informações gerais. Também reforçou que discussões políticas, ofensas e propagandas são proibidas e que mensagens fora das regras seriam apagadas.
Prisão domiciliar
Bolsonaro foi preso por desrespeitar medidas cautelares, após participar, mesmo que virtualmente, de atos públicos contra o STF e em defesa da anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. As imagens mostram o ex-presidente em videochamada com seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, durante manifestação na praia de Copacabana, e em outro contato com o deputado Nikolas Ferreira, em São Paulo.
Além da prisão domiciliar, o ministro Alexandre de Moraes determinou a apreensão do celular de Bolsonaro. A defesa do ex-presidente afirma que não houve descumprimento das restrições.
A residência onde Bolsonaro está alojado é uma casa alugada de alto padrão, com acesso controlado e estrutura completa, incluindo praças e áreas de lazer. Para receber visitas, ele precisa de autorização prévia do Supremo.
