A decisão dos Estados Unidos de impor novas tarifas a produtos agrícolas já começa a impactar o mercado brasileiro. Com a perda de competitividade para exportações, parte da produção que seria destinada ao mercado norte-americano deve ser redirecionada para o consumo interno. O resultado imediato pode ser a redução nos preços de alimentos como carne e café, segundo avaliação de economistas.
Produtos que antes tinham o mercado americano como principal destino podem agora reforçar o abastecimento nacional. Isso vale tanto para alimentos quanto para itens como celulose, cujos estoques devem aumentar nos próximos dias. O economista Roberto Dumas, do Insper, aponta que o redirecionamento da produção tende a gerar um efeito de alívio momentâneo nos preços ao consumidor brasileiro.
“O produtor vai sempre buscar o maior lucro possível. Diante da perda de um mercado importante como o dos Estados Unidos, ele tende a voltar os olhos para o mercado doméstico”, explicou.
Apesar do possível alívio imediato nas prateleiras, o cenário não é sustentável a longo prazo. A expectativa dos especialistas é que, caso o escoamento da produção não encontre novos canais internacionais, os próprios produtores passem a reduzir o volume colhido, o que pode pressionar novamente os preços para cima nos próximos meses.
No campo, já há preocupação com o impacto da medida. Produtores de manga, por exemplo, avaliam não colher parte da próxima safra, prevista para o segundo semestre, caso não haja garantia de venda. Em 2024, a fruta registrou receita recorde com exportações — realidade que agora pode mudar, diante do novo cenário.
O tarifaço também terá reflexos fora do Brasil. Nos Estados Unidos, a diminuição da oferta interna de produtos importados tende a encarecer alimentos e pressionar a inflação. Com isso, o Federal Reserve pode adiar novos cortes na taxa básica de juros, contrariando os interesses do ex-presidente Donald Trump, que vem pressionando publicamente por uma política monetária mais frouxa em ano eleitoral.
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