O impasse criado pelo atraso na emissão de vistos nos Estados Unidos levou a FIFA a colocar em discussão a possibilidade de transferir partidas da Copa de 2026 para o Canadá. A medida está sendo considerada diante da dificuldade de acesso enfrentada por torcedores, jornalistas, delegações esportivas e equipes de apoio técnico de diversos países, que dependem do visto americano para entrar no país.
Entre os consulados mais afetados, há registros de espera superiores a 700 dias, o que compromete a logística de um torneio que prevê 48 seleções em campo e 104 jogos distribuídos entre Estados Unidos, México e Canadá. A maior parte das partidas, 78 ao todo, está originalmente programada para ocorrer em solo americano. México e Canadá completam a tabela com 13 confrontos cada.
A gravidade da situação levou a entidade máxima do futebol a considerar ajustes na distribuição dos jogos. O Canadá, por sua vez, desponta como alternativa mais viável, por contar com um sistema de imigração menos burocrático e com prazos consulares mais curtos, além de uma política de entrada considerada mais acessível para estrangeiros de países com alta exigência de visto.
Internamente, o governo norte-americano tenta reagir à pressão. Uma força-tarefa foi montada para revisar os trâmites e acelerar a liberação de documentos, inclusive com a implementação de inteligência artificial nos consulados. Paralelamente, parlamentares dos Estados Unidos têm cobrado reformas mais amplas, como o reforço no número de servidores consulares e a ampliação dos programas de isenção de entrevistas para visitantes de menor risco.

Embora a FIFA ainda não tenha oficializado nenhuma mudança, as negociações estão em andamento. Gianni Infantino, presidente da entidade, mantém o discurso de que os preparativos seguem conforme o cronograma original, mas, nos bastidores, cresce a avaliação de que manter todos os jogos programados para os EUA pode se tornar inviável sem uma solução efetiva.
A possível redistribuição das partidas esbarra em compromissos diplomáticos assumidos anteriormente pelo governo dos Estados Unidos, incluindo garantias firmadas ainda na gestão de Donald Trump. No entanto, a crise migratória pode levar a entidade a buscar alternativas para garantir que a Copa de 2026 mantenha seu caráter global e evite a exclusão de participantes por barreiras de entrada.
Caso o cenário atual se mantenha, a mudança parcial para o território canadense é tratada como uma alternativa concreta para preservar a presença de público, profissionais e atletas de dezenas de nações — um desafio inédito para um evento de tamanha escala.