MS lidera número de casos de tuberculose em presídios, aponta Ministério da Saúde

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  • Post publicado:28 de julho de 2025
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Com 23,6% dos novos registros no país, Mato Grosso do Sul liderou em 2023 o ranking nacional de tuberculose entre pessoas privadas de liberdade, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde.

O cenário é agravado pela superlotação nas unidades penais do Estado, que possui a maior taxa de encarceramento do Brasil proporcionalmente à população e concentra o maior percentual de diagnósticos da doença no sistema prisional.

Segundo o boletim epidemiológico, o total de novos casos no Brasil chegou a 7.718 no ano passado. A maioria das notificações envolveu homens (97,3%), com predominância entre os 18 e 41 anos (87,6%) e pessoas autodeclaradas pardas (57,3%). O levantamento traz ainda uma análise dos números ao longo da última década, com foco em aspectos estruturais do encarceramento.

Entre os estados brasileiros, MS aparece no grupo com maior incidência proporcional — entre 739 e 1.730 casos por 100 mil presos — ao lado de Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. O indicador foi relacionado à taxa de ocupação das celas entre 2016 e 2023, revelando o impacto direto da superlotação no avanço da doença.

O médico infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz e da UFMS, explica que o número elevado de casos no estado tem relação direta com a alta taxa de aprisionamento, especialmente em áreas de fronteira. Ele destaca que, ao contrário da média nacional — onde metade das infecções passa despercebida — em MS há triagem sistemática, o que resulta em praticamente todos os diagnósticos sendo feitos ainda dentro do sistema prisional.

Essa busca ativa, segundo Croda, vem sendo aplicada nos dois maiores presídios de Campo Grande, que juntos abrigam cerca de 30% da população carcerária estadual. Com triagens realizadas três vezes ao ano, o protocolo adotado tem ajudado na redução de mortes, ao permitir o diagnóstico precoce. Ainda assim, o especialista alerta que o fator determinante para o controle da tuberculose continua sendo a redução do número de presos por cela.

O médico afirma que o tratamento sozinho não basta para interromper a cadeia de transmissão se as condições de encarceramento forem mantidas. Em sua avaliação, há uma compreensão equivocada sobre o papel do isolamento após o diagnóstico, já que o risco de contágio ocorre antes da identificação do quadro. Ele reforça que o paciente tratado deixa de transmitir a doença em cerca de 15 dias, mesmo que siga com sintomas.

Além disso, o levantamento do Ministério da Saúde aponta Campo Grande entre os municípios com maior número de notificações da doença, ao lado de grandes centros urbanos como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Santa Isabel do Pará. O dado reforça o peso das capitais e regiões metropolitanas na disseminação da tuberculose entre a população carcerária.

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