Mato Grosso do Sul passou a integrar a lista dos dez estados menos violentos do Brasil, ocupando a 7ª posição no ranking nacional, conforme os dados mais recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na última quarta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O levantamento mostra queda expressiva em diversos indicadores, como mortes violentas intencionais, homicídios e letalidade policial, apesar de altas pontuais, como no número de latrocínios.
O Brasil encerrou 2024 com 44.127 mortes violentas intencionais — que incluem homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios e mortes por intervenção policial. A taxa nacional caiu para 20,8 a cada 100 mil habitantes, a menor desde 2012.
Mato Grosso do Sul apresentou uma taxa de 18,9, abaixo da média nacional, reduzindo o índice em relação aos 21,9 registrados no ano anterior.
Em Campo Grande, o recuo também foi registrado: a taxa de mortes violentas caiu 3,7%, embora o número absoluto de homicídios tenha subido de 124 para 132. Já as mortes decorrentes de ações policiais caíram de 55 para 41.
Os latrocínios na Capital cresceram de 1 para 3 casos, e os feminicídios passaram de 8 para 11. Houve redução nos casos de lesão corporal seguida de morte, que caíram de 7 para 4.
No interior, o Estado viu os homicídios dolosos diminuírem 7,5%, de 448 para 421 casos. A taxa de lesão corporal seguida de morte também caiu, de 16 para 15 vítimas. Por outro lado, o número de latrocínios disparou: foram 22 casos em 2024, contra apenas 6 no ano anterior — um salto de 263,6%.

A taxa de mortes decorrentes de ações policiais caiu 27,5% em relação a 2023, passando de 21,8% para 15,8% do total de mortes violentas, refletindo uma mudança no padrão de atuação das forças de segurança no Estado.
Em relação aos desaparecimentos, MS registrou aumento de notificações: de 332 em 2023 para 340 em 2024. O número de pessoas localizadas caiu de 1.694 para 1.594. No Brasil, o total de registros de desaparecimento subiu 4,9%, chegando a 81.973 casos, o maior patamar desde 2018. A média nacional é de quatro notificações por hora.
Os índices de crimes patrimoniais também caíram em Mato Grosso do Sul. O roubo de veículos — caracterizado por uso de violência — caiu de 384 para 314 casos. Já o furto de veículos — quando não há violência — reduziu 8,1%, de 2.867 para 2.738 registros. O furto e roubo de celulares também apresentaram retração: foram 6.517 casos em 2024, contra 7.883 no ano anterior.
No entanto, o número de estelionatos aumentou: de 13.357 para 14.670. Já os crimes praticados por meios eletrônicos, como golpes bancários, caíram de 5.414 para 4.575 em MS. No cenário nacional, o estelionato eletrônico cresceu 17%, refletindo o avanço do uso de canais digitais para operações financeiras.
Crimes de injúria racial, racismo e violência por motivação LGBTfóbica apresentaram queda no Estado, ao contrário da tendência nacional. Em MS, a injúria racial recuou 22,3%, o racismo caiu de 208 para 196 casos, e o racismo por homofobia ou transfobia caiu pela metade: de 14 para 7 registros. Por outro lado, os casos de lesão corporal dolosa contra pessoas LGBTQIAPN+ dobraram, de 43 para 86. Houve ainda três homicídios dolosos contra esse público em 2024, um a mais que no ano anterior.
Na área da violência doméstica e sexual, o Estado teve aumento no número de feminicídios: de 30 para 35 casos, alta de 15,7%. Contudo, outros indicadores recuaram. Casos de violência doméstica caíram de 2.837 para 2.367; ameaças contra mulheres passaram de 17.544 para 16.683; e perseguições (stalking), de 1.223 para 779. A violência psicológica também caiu: de 602 para 525 registros.
O número de medidas protetivas de urgência concedidas subiu de 13.222 para 13.762. O descumprimento dessas ordens judiciais também aumentou, chegando a 2.283 casos em MS, um crescimento de 14,1%.
Estupros continuam sendo uma das formas mais recorrentes de violência sexual. Três cidades de Mato Grosso do Sul aparecem entre as 50 com maiores taxas de estupro no País: Dourados (10ª colocação), Três Lagoas (36ª) e Campo Grande (48ª). Em nível nacional, 87,7% das vítimas são mulheres; 61,3% têm entre 0 e 13 anos; 55,6% são negras; e 65,7% dos casos ocorrem dentro da residência, com 45,5% praticados por familiares.