O sistema hídrico que conecta Bolívia e Brasil voltou à pauta de autoridades dos dois países durante a VI Reunião da Comissão Mista sobre o Sistema Tamengo (Comista Tamengo), realizada nesta quinta-feira (17), no auditório do Sindicato Rural de Corumbá. O encontro teve como foco a retomada de entendimentos bilaterais voltados à navegabilidade do canal Tamengo, além de estratégias conjuntas para o desenvolvimento da Hidrovia Paraguai-Paraná.
O canal, que liga o porto boliviano de Puerto Quijarro ao rio Paraguai, é a principal via de acesso da Bolívia ao Atlântico e também desempenha papel importante na logística de exportação da agroindústria brasileira na região de fronteira. A necessidade de garantir o tráfego regular de embarcações, sobretudo em períodos de estiagem, foi um dos temas centrais da agenda.
A reunião contou com representantes de ministérios, agências reguladoras e autoridades locais de ambos os lados da fronteira. O evento marcou uma nova etapa nas articulações iniciadas em 1978, quando a comissão foi criada por acordo internacional. Após um longo período de pouca atividade, os encontros ganharam ritmo a partir de 2023, refletindo uma mudança de postura dos governos atuais.
Entre os pontos debatidos estiveram os regulamentos atualizados pela Antaq, a apresentação boliviana sobre delimitação da bacia hidrográfica, o projeto de concessão da hidrovia e os impactos das variações climatológicas e hidrológicas sobre o rio Paraguai. A integração fronteiriça entre Corumbá, Ladário, Puerto Suárez e Quijarro também foi destacada.
Na cerimônia de abertura, o secretário de Articulação Política e Institucional da Prefeitura de Corumbá, Marcos de Souza Martins, resgatou os desafios históricos enfrentados pela navegação local e defendeu o fortalecimento da cooperação regional. Já Eduardo Pereira, da Semadesc, enfatizou a importância do canal para o transporte de safras tanto de brasileiros quanto de bolivianos que atuam em território vizinho.
Representando a Bolívia, o almirante Gustavo Anibarro, do Ministério da Defesa, afirmou que a plena navegabilidade do canal deve ser um objetivo comum. A diplomata Marissa Castro, diretora-geral de Limites e Águas Internacionais Transfronteiriças, mencionou que os trabalhos da comissão estão alinhados à diretriz estabelecida por Luis Arce e Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião anterior realizada em Santa Cruz de la Sierra.
Do lado brasileiro, a primeira-secretária do Itamaraty, Luana Melo, lembrou que metade dos encontros da Comista ocorreram nos últimos dois anos e meio. Segundo ela, o avanço nas discussões é essencial para aproveitar o potencial da hidrovia. “A maior parte do nosso comércio exterior com a Bolívia passa por aqui. O sistema Tamengo é vital para isso”, declarou.
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