Devoção, memória e cultura pantaneira tomaram conta de Forte Coimbra nesta quarta-feira (16), durante as comemorações em honra a Nossa Senhora do Carmo. A festividade, que movimentou a comunidade ribeirinha, foi marcada por um forte simbolismo religioso e pela integração entre moradores, militares e visitantes.
A programação teve início com a tradicional procissão pelas ruas do distrito, reunindo fiéis em oração. O momento foi seguido por missas e pela cerimônia de troca do manto da santa, ponto alto da devoção popular. O dia festivo foi encerrado com o churrasco pantaneiro, tradição que reafirma os laços entre fé e identidade cultural da região.
A ligação entre Forte Coimbra e a padroeira remonta ao século XIX, quando episódios de conflitos históricos passaram a ser atribuídos à intervenção milagrosa da santa. Um dos relatos mais conhecidos é o da resistência a um ataque espanhol em 1801. Com um número reduzido de soldados e armamentos, a guarnição brasileira teria resistido por nove dias, até que a aparição da imagem de Nossa Senhora do Carmo na entrada do forte teria levado os invasores à retirada.
Outro episódio simbólico ocorreu durante a Guerra do Paraguai. Em 1864, diante de uma força inimiga de mais de 3 mil homens, os poucos defensores do forte conseguiram escapar após a exibição da imagem da santa. A devoção foi fortalecida e atravessou gerações, consolidando-se como parte da identidade local.
A imagem venerada foi trazida por Ricardo Franco, fundador do forte e seu primeiro comandante. Ela permanece na capela da Vila Civil e é cercada por oferendas como joias, fotografias e medalhas, deixadas por fiéis em agradecimento a promessas atendidas.
Reconhecida como manifestação cultural de relevância regional, a celebração integra o calendário oficial de Corumbá e recebe apoio da Fundação da Cultura e da Prefeitura. Presentes no evento, os secretários Marcos de Souza Martins, Nilson dos Santos Pedroso e Wanessa Rodrigues representaram o poder público municipal, reforçando o vínculo entre fé, história e políticas de valorização das tradições locais.
📸Acompanhe também o Folha MS no Instagram
