Os registros de CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores) tiveram uma redução drástica em Mato Grosso do Sul nos últimos dois anos. Dados divulgados pela Polícia Federal mostram que, após o pico de 8.866 novos registros em 2022, o número caiu para apenas 568 até julho de 2025 — o que representa uma queda de 87%.
A mudança está ligada à transferência da responsabilidade pelos cadastros do Exército para a Polícia Federal, processo que foi concluído no início deste mês. Com isso, a fiscalização das autorizações de posse e uso de armas passou a seguir novas diretrizes, que restringem o acesso da população civil aos armamentos.
Entre os fatores que contribuíram para essa queda estão os decretos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que limitaram o número de armas e munições por pessoa, além de aumentarem as alíquotas do IPI sobre armas de fogo e acessórios. As medidas começaram a valer ainda em 2023 e culminaram na mudança de controle no primeiro semestre de 2025.
Comparativo ano a ano
O auge dos registros ocorreu durante o governo de Jair Bolsonaro, que defendia o armamento civil. Em 2018, ano de sua eleição, o Estado contava com apenas 164 registros. O crescimento foi acelerado entre 2019 e 2022:
- 2019: 940 registros
- 2020: 1.999 registros
- 2021: 4.600 registros
- 2022: 8.866 registros
No comparativo com o primeiro semestre de 2024, que registrou 388 novos cadastros, os dados de 2025 apresentam aumento (568), mas ainda muito distantes do período de alta.
Mudança de comando
A transição do controle sobre o sistema de registros e fiscalização foi articulada entre o Ministério da Justiça e o Ministério da Defesa. Para isso, foram investidos R$ 20 milhões em estrutura e pessoal. Com a mudança, a PF pretende criar Delegacias de Controle de Armas em todas as capitais do país e mais 96 núcleos em delegacias no interior.
Além disso, o novo decreto presidencial proibiu a comercialização de três categorias de armamentos para civis — medida que também passou a valer neste mês.
Números atuais
Mesmo com a queda nos registros, Mato Grosso do Sul ainda apresenta um número expressivo de CACs ativos:
- 22.846 caçadores
- 16.181 atiradores desportivos
- 632 colecionadores
No total, são 39.659 pessoas com registros válidos no Estado. Os tipos de armamento mais comuns incluem pistolas (13.229), carabinas (13.123), revólveres (7.683) e espingardas (5.583).
Reflexo nas políticas de segurança
A redução no volume de novas autorizações foi usada pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino, para reforçar a tese de que o combate à violência depende mais do fortalecimento das polícias do que da ampliação da posse civil de armas. Em 2024, ano em que os registros começaram a cair, o país teve redução de 6% nos assassinatos.
O cenário atual reforça o movimento de desarmamento gradual da população, defendido pelo atual governo. A expectativa da PF é que os dados agora atualizados com mais rigor possam fortalecer o controle de armas e munições no país.