Tarifa de Trump leva frigoríficos de MS a suspender exportações para os EUA

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  • Post publicado:15 de julho de 2025
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A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levou frigoríficos de MS a suspenderem imediatamente o envio de carne bovina ao mercado norte-americano. A medida, que deve entrar em vigor a partir de agosto, afeta diretamente o setor exportador do estado, segundo confirmou o Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados (Sicadems).

Grandes plantas industriais como JBS, Minerva e Naturafrig já paralisaram a produção destinada aos EUA. O vice-presidente do Sicadems, Alberto Sérgio Capuci, explicou que a suspensão foi adotada como reação à nova tarifa, considerada inviável para a competitividade dos produtos. Ele destacou que parte da produção já finalizada precisará ser redirecionada a outros mercados, inclusive o interno.

Entre as alternativas em estudo está o redirecionamento de parte da produção para países como Chile e Egito, além de mercados do Mercosul. O grupo JBS, um dos principais exportadores do setor, está reorganizando sua estratégia diante da incerteza quanto à reversão da medida.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços apontam que, entre janeiro e junho de 2025, o Mato Grosso do Sul exportou US$ 315 milhões para os EUA. Desse total, US$ 145 milhões foram referentes apenas à carne bovina, que teve um crescimento de 78% em relação ao mesmo período do ano passado.

O secretário estadual de Desenvolvimento, Jaime Verruck, afirmou que não há mais tempo hábil para remessas chegarem ao destino antes da aplicação da tarifa. A projeção é que a retenção dos produtos no mercado interno possa até causar uma queda no preço da carne nos próximos dias. No médio prazo, o impacto dependerá da capacidade de realocação das cargas para outros destinos comerciais.

Autoridades e entidades do setor reagiram à decisão americana. O governador Eduardo Riedel classificou a medida como um erro e defendeu a negociação diplomática como caminho para contornar o impasse. A Fiems, por meio de seu presidente Sérgio Longen, também se posicionou contrária ao tarifário, apontando que ele compromete a competitividade da indústria sul-mato-grossense.

Especialistas ouvidos indicam que o fator político pode ter sido determinante na decisão de Trump. O economista Daniel Frainer, professor da UEMS, avalia que a retaliação tarifária pode estar ligada ao cenário político brasileiro e à relação entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o republicano. Para ele, o histórico de mudanças de postura do norte-americano sugere que a medida pode não se sustentar por muito tempo.

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