Parque do Pantanal do Rio Negro avança como referência nacional na geração de créditos ambientais

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  • Post publicado:10 de julho de 2025
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O Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, em Mato Grosso do Sul, foi apontado como uma das áreas mais promissoras do país para a geração de créditos ambientais, com destaque para os créditos de biodiversidade.

O diagnóstico faz parte de um estudo coordenado pela Wetlands International Brasil e pela Mupan (Mulheres em Ação no Pantanal), em parceria com o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS) e com apoio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

Com base em Soluções Baseadas na Natureza, o levantamento técnico analisou o potencial do parque para gerar créditos tanto de carbono quanto de biodiversidade, utilizando metodologias reconhecidas como o desmatamento evitado (REDD) e o manejo integrado do fogo, abordagem que já apresenta bons resultados na Austrália e em países africanos. Entre os métodos avaliados, o MIF se mostrou o mais viável nas condições atuais do parque, principalmente se combinado com ações em zonas de amortecimento.

De acordo com os pesquisadores, os créditos ambientais que podem ser gerados no PEPRN têm potencial para garantir recursos recorrentes voltados à gestão e à conservação da unidade. O objetivo é alinhar a preservação ambiental com mecanismos de financiamento sustentáveis e efetivos.

O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, destaca que “essa é uma oportunidade real de transformar ativos ambientais em benefícios concretos para o Estado, combinando preservação com geração de valor”.

O estudo também envolveu uma avaliação da estrutura jurídica e de governança necessária para viabilizar projetos baseados em créditos. A coordenação do trabalho ficou a cargo da pesquisadora Letícia Larcher, que explicou a importância de estruturar juridicamente a implementação: “Precisávamos definir quem toma as decisões, como se escolhem as metodologias e como priorizar ações dentro da gestão pública”, afirmou.

Uma consultoria especializada foi contratada para aprofundar a análise legal e institucional, considerando o modelo de gestão compartilhada entre Imasul, Semadesc e o Governo do Estado.

O documento final apresenta propostas concretas para implementação, incluindo um plano de ação, avaliação de riscos e recomendações estratégicas para o fortalecimento da governança ambiental no território.

Entre os métodos internacionais testados, a metodologia Verra VM0048 (desmatamento evitado) apresentou resultados positivos. Já a VM0047, focada na restauração florestal, foi considerada inviável para a realidade atual do parque. O manejo integrado do fogo, adaptado ao contexto local, surgiu como alternativa promissora e tecnicamente aplicável.

Outro destaque do projeto é o enfoque nos créditos de biodiversidade, seguindo critérios da Biodiversity Credit Alliance. Foram realizados levantamentos de espécies da fauna e flora, mapeamento de habitats e análises detalhadas da saúde dos ecossistemas. A coleta de dados foi cruzada com imagens de satélite para comparar áreas afetadas por incêndios entre os períodos de 2013 a 2019 e de 2020 a 2024.

A diretora-executiva da Wetlands International Brasil, Rafaela Nicola, reforçou o caráter colaborativo do estudo: “Queríamos ir além da análise técnica. O processo foi construído de forma colaborativa, com articulação entre instituições e apoio de especialistas”, disse.

O diretor-presidente do Imasul, André Borges, destacou que a escolha do PEPRN foi essencial para o avanço do projeto: “Já havíamos tentado algo semelhante anteriormente, mas sem grandes avanços. Quando propusemos focar no PEPRN, o projeto deslanchou. Agora temos algo concreto e consistente em mãos”, afirmou.

O estudo, realizado entre 2024 e 2025, está alinhado aos compromissos firmados por Mato Grosso do Sul em relação à neutralidade de carbono até 2030. Com soluções adaptadas ao contexto pantaneiro e base técnica robusta, a iniciativa pode ser replicada em outras unidades de conservação, como o Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari, contribuindo para a expansão de uma economia de baixo carbono no Estado.

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