A Polícia Científica de Mato Grosso do Sul concluiu que o material genético encontrado nas fezes da onça-pintada capturada dias após o ataque em uma fazenda do Pantanal, pertence ao caseiro Jorge Ávila. O exame de DNA realizado nos laboratórios da Coordenadoria-Geral de Perícias confirmou que o animal, identificado como Irapuã, foi o responsável pela morte.
O laudo foi finalizado nesta semana e será encaminhado à Polícia Civil, que conduz o inquérito. A confirmação por meio de análise genética encerra a principal dúvida da investigação, reforçando que a onça resgatada na região pantaneira era, de fato, a que matou o caseiro de 47 anos, no dia 21 de abril.

O ataque ocorreu por volta das 5h, e os primeiros vestígios foram localizados no dia seguinte, em uma área de mata às margens do Rio Miranda.
O animal foi capturado por equipes especializadas do CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), após monitoramento com uso de armadilhas e avaliação de pegadas deixadas no local do ataque. Na época, a onça apresentava sinais de desnutrição e pesava 94 kg.
Animal foi transferido após reabilitação
Durante o período em que permaneceu no CRAS, em Campo Grande, o macho adulto recebeu tratamento intensivo, que incluiu suporte nutricional, hidratação e exames veterinários. Em três semanas, o felino ganhou 13 kg e chegou aos 107 kg. Por conta do comportamento considerado condicionado ao contato humano, o animal foi transferido para o Instituto Ampara Animal, em São Paulo, onde permanecerá em regime de cuidados permanentes.
A veterinária Aline Duarte, coordenadora do CRAS e responsável pelo acompanhamento clínico, informou que a onça chegou debilitada e passou por recuperação completa antes do transporte. Por ter demonstrado pouca aversão à presença humana, não existe possibilidade de soltura na natureza.
Fatores de risco e prática da ceva no Pantanal
O caso voltou o foco a preocupações sobre o impacto da ceva de animais silvestres na aproximação de grandes predadores a áreas frequentadas por pessoas. A técnica, usada comumente por pesquisadores e fotógrafos da fauna, consiste em oferecer restos de carne para atrair animais para observação ou monitoramento.
Apesar de comum em projetos científicos, a ceva também passou a ser adotada por pesqueiros turísticos no Pantanal, prática criticada por ambientalistas e considerada crime ambiental.
A área onde ocorreu o ataque é conhecida pela presença frequente de pescadores e visitantes, especialmente em épocas de cheia.