A estreia do alistamento militar voluntário para mulheres no Brasil teve resposta expressiva em Mato Grosso do Sul, onde 722 jovens se inscreveram para participar do processo seletivo nas Forças Armadas. O número colocou o estado na 14ª posição do ranking nacional, evidenciando o interesse crescente por carreiras que, até então, eram acessíveis apenas aos homens.
Campo Grande liderou o volume de alistamentos no estado. Dados do Comando Militar do Oeste mostram que, até março, 327 mulheres haviam se apresentado na capital, onde a procura superou em mais que o dobro o número de vagas abertas para o Exército — 99 ao todo. As oportunidades foram distribuídas entre unidades administrativas, Hospital Militar e Colégio Militar.
Demanda supera vagas disponíveis e revela busca por espaço
A procura também se fez presente em outras cidades do estado. Corumbá recebeu 83 inscrições femininas e Ladário contabilizou 13. Ambas são áreas de atuação prioritária da Marinha, que, ao lado do Exército e da Aeronáutica, passou a receber mulheres para o serviço militar voluntário por meio do novo formato experimental.

Em todo o Brasil, o total de alistamentos femininos chegou a 33.721 — número 23 vezes maior do que as 1.465 vagas disponíveis em 2024. O Rio de Janeiro lidera o ranking nacional com mais de 8 mil candidatas, seguido por São Paulo, Distrito Federal, Amazonas e Pará. O grande número de interessadas levou o Ministério da Defesa a reforçar o planejamento e a preparação da estrutura física dos quartéis.
Infraestrutura adaptada e expectativa de ampliação
Com investimentos da ordem de R$ 2 milhões, as Forças Armadas promoveram reformas e ampliações em suas instalações para garantir a recepção das novas recrutas. Entre as melhorias estão a construção de banheiros e alojamentos femininos, aquisição de equipamentos de proteção e tecnologia de controle de acesso por reconhecimento facial.
O processo seletivo para o serviço militar feminino envolve quatro etapas: seleção geral, seleção complementar, distribuição e incorporação. A entrada das aprovadas está prevista para ocorrer em duas fases, entre os dias 2 e 6 de março ou de 3 a 7 de agosto de 2026.
Atualmente, o Brasil conta com cerca de 37 mil mulheres nas Forças Armadas, representando cerca de 10% do efetivo total. A inclusão do público feminino no alistamento voluntário é vista como passo importante para ampliar essa participação.
MS se destaca entre os estados com maior interesse
Apesar da limitação de vagas, a procura em Mato Grosso do Sul aponta para um cenário promissor. Em Campo Grande, por exemplo, as 99 vagas disponíveis foram divididas entre setores de apoio logístico (60), atendimento hospitalar (12) e ensino militar (27). Outras unidades localizadas em Corumbá e Ladário também vão absorver parte das novas incorporadas a partir de 2026.
Enquanto isso, o alistamento obrigatório para homens continua em vigor e contabilizou pouco mais de 1 milhão de inscrições em todo o país.