A operação da Azul Linhas Aéreas entre o Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), e Corumbá, pode ser temporariamente suspensa com o encerramento da temporada de pesca no Pantanal. O possível corte do trecho preocupa o setor turístico regional, já que a companhia é a única a operar voos para Corumbá de forma comercial e regular.
Mesmo sem confirmação oficial sobre o retorno das atividades, existe a expectativa de que os voos só sejam retomados em fevereiro de 2026, quando a pesca esportiva volta a ser autorizada na região. A Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, no entanto, pondera que a maioria dos turistas — cerca de 90% — ainda chega por via terrestre.
A instabilidade nas operações da Azul ocorre em meio ao processo de recuperação judicial da empresa, autorizado pela Justiça dos Estados Unidos no fim de maio. Como parte da reestruturação financeira, que prevê captação de US$ 1,6 bilhão, até 30 aeronaves da frota podem ser retiradas de circulação, o que tende a impactar entre 20% e 25% da malha aérea nacional.
Para Corumbá, onde a Azul é a única companhia em atividade regular, a possível interrupção nos voos representa uma perda considerável de conectividade aérea. O destino recebeu mais de 100 mil visitantes em 2024, dos quais pouco mais de 8 mil desembarcaram por via aérea. Até abril deste ano, aproximadamente 3.500 turistas chegaram à cidade de avião, enquanto outros 45 mil utilizaram o transporte rodoviário.
A Fundtur já discute alternativas para minimizar os prejuízos e ampliar as opções de acesso à cidade. Uma das possibilidades estudadas é atrair outra empresa aérea para assumir a rota. A Gol é uma das companhias que estão sendo sondadas, segundo afirmou o presidente da Fundação de Turismo, Bruno Wendling.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Wendling informou que, por enquanto, os voos para Corumbá permanecem programados até o fim de setembro. Ele também destacou que, além da malha rodoviária, turistas internacionais e de alto poder aquisitivo têm recorrido a voos fretados ou conexões por Bonito e Campo Grande.
O aeroporto internacional de Corumbá, sob concessão da espanhola Aena, também é visto como ponto estratégico para futuras negociações. A expectativa inicial era de que, com a inclusão de Corumbá na malha de aeroportos administrados pela Aena — que também controla o terminal de Congonhas, em São Paulo —, houvesse um salto na conectividade aérea da região pantaneira. No entanto, as incertezas da Azul reacenderam as dificuldades estruturais do setor aéreo no interior de Mato Grosso do Sul.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) orienta passageiros afetados por alterações ou cancelamentos a entrarem em contato diretamente com a companhia aérea. A regulamentação vigente (Resolução nº 400/2016) assegura o direito à reacomodação, reembolso ou prestação de serviço equivalente.
- Com informações Rodolpho César – Correio do Estado
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