O número de vítimas fatais em acidentes de trânsito voltou a crescer em Mato Grosso do Sul. Em 2025, o estado já contabiliza 114 mortes causadas por ocorrências nas ruas e rodovias, especialmente a BR-262 e BR-163, com destaque para o mês de maio, que registrou 30 óbitos — o mais alto para esse período desde 2022. A estatística destaca os riscos enfrentados por motoristas e passageiros, especialmente em trechos federais.
Entre os dias 1º e 31 de maio, foram 97 acidentes em rodovias federais sul-mato-grossenses, que resultaram em 14 mortes. A comparação mostra uma oscilação preocupante: em 2020, o mês teve 21 mortes; em 2021, foram 29; 39 em 2022; 24 em 2023; e 25 em 2024. Mesmo com campanhas de conscientização, a redução consistente ainda está longe de ser alcançada.
Falhas humanas continuam como principal causa de tragédias
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o comportamento imprudente dos condutores segue como o fator predominante nas ocorrências fatais. Entre os principais motivos estão ultrapassagens arriscadas, falta do uso de cinto de segurança, direção sob influência de álcool ou drogas e o uso de celular ao volante. Somente neste ano, operações especiais da PRF já somam pelo menos 173 acidentes registrados em rodovias do estado.

Durante o feriado da Páscoa, por exemplo, a PRF registrou 27 acidentes, com uma vítima fatal. No Carnaval, o número foi maior: 29 acidentes, sendo 11 deles graves, com uma morte. Já na virada do ano, foram 20 acidentes e dois óbitos. Apenas em junho, seis acidentes com vítimas fatais já foram notificados.
A BR-262, que atravessa o território sul-mato-grossense, é uma das rodovias que mais concentra ocorrências graves. No último domingo (15), um acidente no trecho entre Miranda e Corumbá envolveu um ônibus da viação Andorinha e uma carreta carregada de minério. O impacto lateral fez com que uma peça metálica se desprendesse do caminhão e atravessasse o para-brisa do coletivo, atingindo diretamente três passageiros.
Acidente na BR-262 termina com duas mortes e três feridos
O episódio mais recente foi registrado na manhã deste domingo, 15 de junho e terminou com duas vítimas fatais no local. Uma delas foi a médica Andrezza das Neves Felski, de 27 anos, e o pecuarista Marcelino Florentino Filho, de 84 anos. Ambos foram atingidos por uma barra metálica que transfixou o para-brisa do coletivo em que estavam e atingiu os passageiros.
Entre os sobreviventes, uma criança de seis anos sofreu perfuração na região próxima à coxa sendo transportada em estado grave para a Santa Casa de Corumbá. Uma passageira também sofreu fratura exposta na perna e precisou de atendimento emergencial. O motorista do ônibus teve somente escoriações leves.

Poucos dias antes, outro caso semelhante havia ocorrido também na BR-262, desta vez em Três Lagoas. Hemerçon Bruno Pazini de Oliveira, de 26 anos, dirigia um carro com a esposa e a mãe quando foi atingido na cabeça por uma peça solta de uma carreta. A peça, identificada como campana do freio, atravessou o para-brisa do veículo. O jovem morreu na hora, e as duas mulheres foram levadas ao hospital em estado de choque, mas sem ferimentos.
Rodovias de MS estão entre as mais perigosas do Brasil
Dados do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) mostram que Mato Grosso do Sul abriga duas das dez rodovias mais perigosas do Brasil. A BR-163 ocupa a sexta posição e a BR-262 aparece em nono lugar no ranking nacional. Somadas, as duas vias federais registraram mais de 4,3 mil acidentes e 392 mortes ao longo de 2024.

A mais letal do país é a BR-101, com extensão superior a 4,5 mil km, atravessando 12 estados. Ainda assim, a frequência de acidentes graves em rodovias do Centro-Oeste evidencia um cenário crítico que segue sendo alvo de discussões, principalmente sobre a necessidade de duplicações em trechos considerados estratégicos.