Pesquisadores do projeto Onças Guardiãs do Sertão Veredas-Peruaçu conseguiram capturar, por meio de armadilhas fotográficas, imagens inéditas de um casal de onças-pretas em uma região preservada do Cerrado brasileiro. A descoberta, realizada pela ONG Onçafari em parceria com a Plataforma Semente, chama atenção pela raridade desse comportamento entre os felinos.
O registro mostra os dois animais explorando trilhas e estradas lado a lado, inclusive em caminhadas noturnas, algo pouco comum entre indivíduos melânicos na natureza. A proximidade dos felinos levanta questionamentos sobre uma possível relação entre eles, o que despertou grande interesse dos pesquisadores.
O melanismo e sua alta ocorrência na região
A condição genética conhecida como melanismo, responsável pela coloração escura da pelagem, é observada em cerca de 40% das onças-pintadas da área monitorada. O levantamento atual indica que o número de indivíduos na região varia entre 40 e 50, tornando o Grande Sertão Veredas o local com a maior concentração de onças-pretas do mundo.
Para documentar a fauna local, 33 câmeras trap foram distribuídas em um território de 550 km², permitindo não somente a captura de imagens das onças melânicas, mas também de diversas outras espécies ameaçadas, como antas, tamanduás-bandeira, veados, perdizes e jaritatacas.
Objetivos do projeto e importância da preservação
A iniciativa, que iniciou em 2024, busca compreender o comportamento das onças-pintadas, identificar áreas estratégicas para a criação de corredores ecológicos e monitorar a biodiversidade local.
Sendo um predador de topo de cadeia, a presença da onça-pintada é considerada um indicador da saúde ambiental, refletindo diretamente a qualidade dos recursos naturais da região, como água e vegetação preservada.
