A movimentação noturna de uma onça-pintada voltou a alarmar os moradores da área urbana da região pantaneira. O mais recente registro aconteceu nesta sexta-feira (30), nas imediações da APA Baía Negra, em Ladário, onde o animal foi visto circulando entre as residências em busca de cães.
O registro foi divulgado pelo Ecoa, uma organização ambiental sem fins lucrativos que atua na região.
Em publicação nas redes sociais, a entidade informou que há diversos relatos semelhantes e que, apesar de não ser a primeira vez que felinos silvestres são flagrados nas áreas urbanas, o padrão crescente de aparições levanta a necessidade urgente de estudos mais profundos sobre o comportamento dessas espécies.
Uma moradora chegou a questionar o motivo de tais aproximações do animal ao ambiente humano, reforçando o alerta da comunidade.
Esse já é o terceiro episódio envolvendo onças-pintadas em áreas residenciais apenas neste mês de maio. O primeiro caso ocorreu na estrada que liga a fronteira com a Bolívia, nas proximidades da empresa Agesa em Corumbá. Na ocasião, um motorista boliviano registrou em vídeo a presença do felino caminhando próximo à pista.
Dias depois, em 23 de maio, um novo incidente aumentou a preocupação da população. Uma onça invadiu o quintal de uma casa na região conhecida como Mirante da Capivara e tentou capturar um dos cachorros que viviam no local.
O ataque do felino foi frustrado pela intervenção de outros dois cães que também vivem no local e saíram em defesa da cadelinha, colocando a onça-pintada para correr.
A sucessão de episódios tem provocado insegurança entre os moradores, que agora expressam temor de que a aproximação dos felinos possa ocasionar em ataques a pessoas. Apesar de serem considerados raros, ataques letais voltaram a ocorrer recentemente no estado.
Um exemplo foi o caso do caseiro Jorginho, morto por uma onça-pintada na região do Touro Morto, em Aquidauana, fato que aumentou a tensão entre as comunidades que vivem próximas a áreas de mata e preservação ambiental.
Trabalho das autoridades
O Instituto do Homem Pantaneiro, referência na pesquisa e preservação da espécie no Pantanal Sul-Mato-Grossense, informou que vai participar de uma reunião no Cenap/ICMBio (Centro Nacional de Pesquisa, Manejo e Conservação de Mamíferos Carnívoros), no final de maio, para discutir com autoridades federais protocolos de segurança e coexistência, que serão divulgados futuramente.
Segundo o Instituto, estudos sugerem que ao primeiro contato desses animais com o ser humano, o comportamento considerado normal é que a espécie procure se afastar. Casos de ataque são raros em registros oficiais, mas existem. “A prioridade deve ser sempre a vida e a saúde das pessoas, por isso a prevenção é fundamental”.
A equipe do Núcleo de Biodiversidade e Mudanças Climáticas do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) vem dando apoio técnico à Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul, Corpo de Bombeiros de MS, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal (Prefeitura de Corumbá) e população.
Já houve um trabalho conjunto realizado na região da Cacimba da Saúde, na área urbana de Corumbá, que fica às margens do canal Tamengo, de acesso à Bolívia, no mês de abril/maio deste ano, orientando moradores sobre o que fazer em caso de avistamento de onças-pintadas na região.
Em caso de emergências ou avistamento de animais silvestres, o instituto reforça o pedido para entrar em contato pelos telefones (67) 3232-2469 ou (67) 99266-4052.
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