Durante o debate na Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre as mudanças previstas no novo Código Eleitoral, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) reforçou a necessidade de garantir maior representatividade feminina nos espaços de poder.
Ela apresentou uma emenda que propõe a reserva de 30% das cadeiras nas eleições proporcionais exclusivamente para mulheres, defendendo que o Brasil precisa enfrentar com seriedade o tema da equidade de gênero na política.

A senadora argumentou que, enquanto países vizinhos como Chile, Bolívia, Argentina e Cuba já adotaram mecanismos de paridade, o Brasil ainda reluta até mesmo em discutir medidas mais ousadas.
“Cuba tem paridade, Bolívia tem paridade, Chile e Argentina também. E aqui, mal conseguimos discutir o tema sem gerar conflito”, afirmou.
Segundo ela, a presença feminina em cargos legislativos não pode continuar dependendo exclusivamente da boa vontade de diretórios majoritariamente masculinos.
Soraya se opôs à proposta do relator da matéria, senador Marcelo Castro (MDB-PI), que sugere uma cota de apenas 20% das cadeiras para mulheres, sem sanções aos partidos que descumprirem as cotas mínimas de candidaturas.
Na visão da parlamentar, esse modelo não apenas mantém as distorções atuais, como enfraquece avanços conquistados ao longo dos anos pelas mulheres na política.
A senadora também direcionou sua fala aos colegas homens, pedindo engajamento na defesa da paridade como um compromisso com a democracia. Ela ressaltou que, ao apoiar essa causa, os parlamentares têm a oportunidade de deixar uma marca positiva na própria trajetória política.
“Quem tiver coragem de propor isso vai entrar para a história. Tem que ser muito homem para defender a presença das mulheres”, disse.
A proposta de reforma eleitoral segue em análise e a votação na CCJ foi adiada por conta de um pedido de vista coletivo. A expectativa é que o tema retorne à pauta nas próximas semanas.