A busca por inclusão social e qualificação profissional dentro do sistema penitenciário tem ganhado força com iniciativas voltadas à ressocialização de mulheres privadas de liberdade. No Estabelecimento Penal Feminino “Luiz Pereira da Silva”, em Jateí, um novo curso está permitindo que reeducandas aprendam a profissão de recepcionista, por meio do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego).
Educação como ferramenta de reintegração
Promovida pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e coordenada pela Diretoria de Assistência Penitenciária (DAP), a iniciativa busca fortalecer as políticas públicas voltadas à reinserção das internas na sociedade.
O curso conta com 15 participantes, que têm acesso a disciplinas fundamentais para a formação profissional, entre elas Produção de Texto, Matemática Aplicada, Educação Financeira, Cidadania, Gênero e Direitos da Mulher, Ética, Saúde da Mulher, Noções de Biossegurança e Inclusão Digital.
Para a diretora do presídio, Solange Pereira da Silva, projetos como esse impactam diretamente na reconstrução da autoestima das internas.
“Esse curso não só qualifica, mas principalmente resgata a autoestima e devolve às internas a esperança de um futuro melhor. A educação tem um poder transformador, e aqui nós estamos plantando sementes de mudança, de recomeço e de oportunidade”, destacou.
Depoimentos que refletem transformação social
A reeducanda Fernanda ressalta que a capacitação adquirida no curso representa uma chance de recomeço.
“Traz conhecimento e uma oportunidade de integração na sociedade. Lá fora, além de ser uma chance de emprego e uma mudança de vida, nos dá esperança, mudança de caráter e conduta. Prepara a gente para voltar à sociedade e ter uma oportunidade melhor. É um incentivo que mostra que nunca é tarde para aprender e recomeçar”.
Outra interna, Juliana, reforça a importância da educação para abrir novos caminhos profissionais, mesmo dentro do ambiente prisional.
“Esse curso é uma forma de abrir portas de emprego. Não é porque estamos privadas de liberdade que não podemos estudar. Temos que acreditar nos nossos sonhos, no poder da palavra, superar os obstáculos, enfrentar os medos”.
Impacto na vida das reeducandas e na sociedade
A interna Marisa, mãe de dois filhos pequenos, já realizou seis cursos no presídio e vê na capacitação uma grande oportunidade de mudança.
“Está me ajudando bastante, inclusive a controlar minha ansiedade. Quero muito concluir para ter um futuro melhor e, principalmente, dar um futuro digno para os meus filhos”.
A formação, iniciada em maio, terá 160 horas de carga horária, distribuídas em 48 dias letivos, e segue até o final de julho.
Segundo Maria de Lourdes Delgado Alves, diretora de Assistência Penitenciária da Agepen, cada nova oportunidade educacional representa uma porta para a reconstrução de histórias.
“Cada curso que oferecemos à população privada de liberdade, representa uma porta que se abre para que possam reconstruir suas histórias”.