A captura de Marcos Roberto Almeida, conhecido como Tuta, segue repercutindo na Bolívia com uma série de desdobramentos nas investigações que apontam para uma suposta rede de proteção envolvendo um major da polícia boliviana e um político boliviano apontados como responsáveis por dar cobertura ao criminoso no país.
O caso está sendo investigado por autoridades da Bolívia, que buscam esclarecer como o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) conseguiu atuar no país sem ser identificado por tanto tempo.
A operação que levou à prisão de Tuta ocorreu na sexta-feira (16), em Santa Cruz de la Sierra, no momento em que ele tentava renovar um documento de identidade estrangeiro falso na sede do Serviço Geral de Identificação Pessoal (SEGIP).
Segundo informações da Força Especial de Combate ao Crime (Felcc) e da Interpol, o criminoso estava acompanhado de dois indivíduos, sendo um deles o Major Gabriel Jesús SH, policial vinculado à Força Especial de Combate à Violência (Felcv).
Evidências reforçam suspeitas sobre envolvimento policial
Imagens obtidas das câmeras de segurança do SEGIP e de um shopping center mostram Tuta sentado ao lado do major, recebendo instruções sobre os procedimentos para validar sua documentação falsa.
De acordo com Alpacino Mojica, diretor departamental da Seção Policial de Santa Cruz, os dois indivíduos que acompanhavam o criminoso questionaram os funcionários sobre os trâmites para renovação de documentos de estrangeiros, antes de encaminharem Tuta até o departamento.
Durante a abordagem policial, os dois indivíduos que estavam com Tuta fugiram do local, entre eles o Major Gabriel Jesús SH, que agora se tornou alvo da investigação para esclarecer o nível de envolvimento na proteção ao narcotraficante.
Conexão política e aprofundamento das investigações
As apurações preliminares indicam que Tuta mantinha contato direto com um político boliviano, cuja identidade ainda não foi divulgada, mas que possui antecedentes criminais.
O comandante departamental da Polícia de Santa Cruz, Rolando Rojas, confirmou que diligências internas foram iniciadas para apurar o envolvimento de figuras públicas na possível rede de proteção ao criminoso.
O major investigado foi colocado à disposição do Comando Departamental da Polícia, enquanto a Divisão de Inteligência Técnica (DIGITE) e o Ministério Público seguem analisando documentos, depoimentos e provas. A medida busca evitar interferências na investigação, além de esclarecer se houve colaboração ativa ou negligência por parte do policial.

Conforme as autoridades bolivianas, a presença do chefe de uma grande organização criminosa na Bolívia, aliada às suspeitas de apoio institucional, se torna uma grande preocupação.
O temor é de que o país se torne refúgio para criminosos de alto comando, e que isso, possa desencadear uma onda de violência com a expansão dessas facções pela Bolívia, conhecida como uma das regiões produtoras de cocaína.
O objetivo das forças de segurança é desmantelar completamente a estrutura de proteção que permitiu que o criminoso operasse no país por tanto tempo sem ser identificado.