A Polícia Federal confirmou nesta sexta-feira (16) a prisão de Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Apontado como o substituto de Marcola no comando da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), ele foi detido ao tentar renovar um documento com identidade falsa.
Segundo a Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen, da Bolívia, o brasileiro se apresentou como Maycon Gonçalves da Silva, de 54 anos, para renovar a Cédula de Identidade de Estrangeiro (CEI). Durante a checagem, o sistema internacional alertou para um mandado de prisão com difusão vermelha da Interpol. A Polícia Federal foi então acionada e confirmou a verdadeira identidade.

A prisão ocorreu com base no uso de documentos falsos e falsidade ideológica. Tuta permanece detido pelas autoridades bolivianas enquanto são concluídos os trâmites legais que podem levar à sua extradição para o Brasil.
Alvo da Operação Sharks
No Brasil, Marcos Roberto de Almeida tem duas ordens de prisão emitidas no contexto da Operação Sharks, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo. Ele já foi condenado a 12 anos e seis meses por organização criminosa e responde a outro processo por lavagem de dinheiro.
A Operação Sharks foi deflagrada em 2020 e tinha como objetivo desarticular a nova cúpula do PCC, formada após a transferência de Marcola para um presídio federal em 2019. De acordo com os promotores responsáveis, Tuta foi indicado por Marcola para assumir a chefia da facção, tanto dentro quanto fora dos presídios.
Na época, ele já era identificado como um dos integrantes da chamada “Sintonia Final da Rua”, núcleo de comando externo do PCC. Para manter o disfarce, chegou a se apresentar como adido do consulado de Moçambique em Belo Horizonte, segundo o MP.
Lavagem de dinheiro e movimentações internacionais
Além de ser apontado como o novo chefe do PCC, Tuta também era investigado por participar de um esquema de lavagem de dinheiro por meio da operação conhecida como dólar-cabo, com movimentações financeiras no Paraguai e na Bolívia.
Conforme apurações da Operação Sharks, o grupo criminoso movimentava cerca de R$ 100 milhões por ano. Para ocultar os valores, integrantes da facção usavam imóveis com compartimentos falsos e adquiriam veículos de luxo. Parte do dinheiro era remetida ao exterior por doleiros.

Durante a operação, agentes apreenderam armas, explosivos, veículos e mais de R$ 100 mil em dinheiro vivo. Os mandados foram cumpridos em diversas regiões de São Paulo.
Risco ao promotor
Tuta também era um dos alvos de investigações relacionadas ao plano do PCC para assassinar o promotor Lincoln Gakyia, responsável por pedir a transferência de líderes da facção para presídios federais. Marcola, segundo denúncia do MP, teria ordenado o atentado em 2018.
Desde então, o promotor vive sob escolta. Em 2020, Marcola foi formalmente acusado de ser o mandante da tentativa de homicídio.
A extradição de Tuta está sendo articulada pelas autoridades brasileiras e deverá levá-lo a unidades prisionais de segurança máxima no estado de São Paulo, como as penitenciárias de Presidente Bernardes ou Presidente Venceslau.