Com a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, depois de quase 12 anos à frente da Igreja Católica, iniciou o período de transição conhecido como “Sé Vacante”, que prepara o Vaticano para o Conclave — processo que elegerá o novo pontífice. Entre os cardeais, nomes cotados para sucessão do Papa Francisco já circulam nos bastidores e especialistas apontam prováveis favoritos para suceder o Papa argentino.
Entre os italianos, o destaque é Pietro Parolin, atual secretário de Estado do Vaticano. Considerado o segundo homem mais poderoso da Santa Sé, Parolin tem forte experiência diplomática sendo indicado ao cardinalato por Francisco em 2013.
Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, também aparece entre os favoritos. Ligado à Comunidade de Sant’Egidio, Zuppi tem atuação marcada pela busca de diálogo e enviado pessoal do Papa para iniciativas de paz na Ucrânia.
Outro nome que vem ganhando atenção é Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém. Franciscano com longa trajetória na Terra Santa, Pizzaballa atuou como Custódio dos Lugares Santos por mais de uma década e, em 2023, fez visita histórica à Faixa de Gaza durante conflito armado.
Cardeais de fora da Europa ganham força na sucessão
O francês Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha, também é apontado como alinhado ao legado de Francisco. Nomeado cardeal em 2022, Aveline é ativo em pautas ligadas à migração e ao diálogo entre religiões, temas centrais do pontificado encerrado.
Entre os representantes do Leste Europeu, o húngaro Peter Erdo é visto como principal figura conservadora. Arcebispo de Esztergom-Budapeste e cardeal desde 2003, Erdo tem perfil acadêmico e grande influência política e religiosa em sua região.
Já o português José Tolentino de Mendonça surge como uma das apostas da ala progressista. Prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação, ele é poeta, teólogo e foi bibliotecário da Santa Sé. Em seu trabalho, Tolentino tem priorizado o diálogo entre fé e cultura.
Mario Grech, de Malta, é outro nome em ascensão. Secretário-geral do Sínodo dos Bispos, ele é elogiado pela atuação voltada à justiça social e à escuta das comunidades católicas.
América e África apresentam candidatos com apelo global
A Ásia também pode ganhar protagonismo com o cardeal Luis Antonio Tagle, das Filipinas. Ex-presidente da Caritas Internacional e defensor da justiça social, Tagle já ocupou altos cargos no Vaticano e é próximo de Francisco.
Entre os norte-americanos, Robert Francis Prevost e Wilton Gregory aparecem entre os principais nomes. Prevost, de Chicago, com atuação pastoral no Peru, é prefeito do Dicastério para os Bispos. Gregory, primeiro cardeal afro-americano, é arcebispo de Washington e conhecido pelo trabalho em defesa da justiça racial e pelos enfrentamentos aos abusos sexuais na Igreja.
Blase Cupich, também dos Estados Unidos, é lembrado como um nome progressista. Arcebispo de Chicago, ele defende uma Igreja mais inclusiva e focada nas demandas sociais.
Na África, Fridolin Ambongo Besungu, da República Democrática do Congo, é considerado um dos nomes mais fortes do continente. Cardeal desde 2019 e arcebispo de Kinshasa, Besungu é reconhecido por sua atuação em defesa dos direitos humanos e da paz.
Brasil tem cardeais entre os elegíveis
O Brasil, país com o maior número de católicos no mundo, também está representado entre os elegíveis ao Conclave. Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, foi o primeiro cardeal da Amazônia e tem trajetória marcada pela defesa do meio ambiente e dos povos tradicionais da floresta.
Sérgio da Rocha, atual arcebispo de Salvador, também aparece entre os possíveis nomes. Já esteve à frente das dioceses de Brasília e Teresina e foi nomeado por Francisco para integrar o Conselho de Cardeais e a Congregação para os Bispos.
Do total de 252 cardeais, 140 são votantes e elegíveis — aqueles que têm mais de 80 anos não são aptos a votar. Desde dezembro passado, o Brasil tem oito cardeais, mas só sete deles podem participar do processo. São eles:
- Cardeal Odilo Pedro Scherer, 75, arcebispo de São Paulo (SP);
- João Braz de Aviz, de 77 anos, ex-prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica;
- Orani João Tempesta, de 74 anos, arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ);
- Sergio da Rocha, de 65 anos, arcebispo de São Salvador (BA);
- Leonardo Ulrich Steiner, 74 anos, arcebispo de Manaus (AM);
- Paulo Cezar Costa, de 58 anos, arcebispo de Brasília (DF);
- Jaime Spengler, de 65 anos, arcebispo de Porto Alegre (RS);
Além desses, há o cardeal brasileiro Dom Raymundo Damasceno Assis, de 88 anos. Nascido em Capela Nova (MG), ele tornou-se padre em 1968.
Ocupou o cargo de secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por dois mandatos (1995-2003), foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, Educação e Cultura e presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) de 2007 a 2011. No mesmo ano, foi eleito presidente da CNBB (2011-2015).