As investigações da Polícia Federal sobre o tráfico internacional de cocaína com origem na fronteira entre Brasil e Bolívia apontam para participação de estudantes de medicina brasileiros e empresários, de nacionalidade boliviana e outro de ascendência árabe, como articuladores de uma rede de tráfico de drogas que atua em Corumbá.
A operação, que mobilizou agentes em seis estados, aponta que esses estudantes atuavam diretamente na movimentação financeira do esquema criminoso.
Estudantes brasileiros na Bolívia são suspeitos de participar do esquema
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Durante as apurações, a Polícia Federal identificou que universitários brasileiros matriculados em cursos de medicina na Bolívia estariam repassando valores utilizados na logística de envio da droga ao exterior.
Segundo apurado pela reportagem do Folha MS, esses estudantes atuavam como operadores do sistema de repasse e pagamento, servindo como intermediários entre fornecedores e exportadores do entorpecente.

Empresários com atuação em Corumbá
Outros dois personagens com atuação central na operação são empresários, um deles de nacionalidade boliviana que, conforme as investigações, possuem negócios ativos em Corumbá. Eles são apontados como articuladores principais da rede criminosa e a suspeita é de que utilizem seus empreendimentos, para lavagem de dinheiro angariado com o tráfico de drogas.
Em 2023, o empresário boliviano, chegou a ser anunciado pelo município como um “investidor” que abriria na cidade um mercado e uma granja, gerando cerca de 45 empregos diretos, mas os empreendimentos não chegaram a se concretizar.
De acordo com a Polícia Federal, os empresários exercem papel logístico e estratégico na remessa da droga, coordenando parte do envio a partir da fronteira.
Tráfico usava equipamentos eletrônicos para camuflar droga rumo à Europa
A estrutura montada pelo grupo incluía o uso de equipamentos eletrônicos — como osciloscópios — para ocultar a cocaína. As remessas partiam de Corumbá e eram levadas até o estado de Goiás, de onde seguiam para destinos como Portugal, Espanha e Inglaterra.

Pelo menos cinco cargas foram identificadas até o momento, sendo três delas interceptadas na Alemanha graças à cooperação entre autoridades brasileiras e europeias.
Mandados foram cumpridos em cidades de seis estados
A Operação “Sinal Sujo” teve ações simultâneas em municípios dos estados do Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Rondônia. Em Corumbá, os policiais cumpriram dois mandados de prisão e um de busca e apreensão. Um dos suspeitos foi detido na área central da cidade, enquanto outro não foi localizado e segue foragido.
Ao todo, mais de 50 policiais federais participaram da ação, cumprindo mandados de busca e apreensão em cidades como Manaus, Itamaraju, Campo Grande, Volta Redonda, Rolim de Moura e Espigão d’Oeste.