Enchentes na Bolívia causam a morte de mais de 5 mil cabeças de gado

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Mais de 5 mil cabeças de gado ja teriam morrido em decorrência das enchentes que atinge a região de Beni
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  • Post publicado:14 de abril de 2025
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As inundações que atingem o departamento de Beni, na Bolívia, desde o início do ano continuam gerando prejuízos para o setor agropecuário. De acordo com levantamento da Federação de Criadores de Gado de Beni (Fegabeni), as perdas financeiras já ultrapassam os US$ 34 milhões, com destaque para os danos na criação de bovinos e na infraestrutura rural.

Mortes no rebanho e deslocamentos emergenciais

A estiagem momentânea das chuvas não foi suficiente para amenizar os efeitos das enchentes na região. Com vastas áreas de pastagem ainda submersas, o fornecimento de alimento aos animais se tornou escasso, provocando a morte de milhares de cabeças de gado.

Dados atualizados em abril pela Fegabeni apontam que mais de 5.000 bovinos morreram, em sua maioria por exaustão, desnutrição ou picadas de cobras durante os deslocamentos forçados para zonas mais altas.

Produtores rurais relatam as dificuldades enfrentadas para salvar o gado. “Quando você começa a movimentar o gado, é uma perda. Há vacas que não dão à luz bem, outras que não querem o bezerro. Algumas estão mancas; precisam ser trazidas ou abatidas aqui em San Joaquín. Elas já estão exaustas”, afirmou Orlando Álvarez, criador da região.

A condição do rebanho em locais mais elevados também é motivo de preocupação. “Em altitudes elevadas, o gado permanece saudável, gordo e saciado, mas apenas por cerca de 40 dias. Se a água não baixar em dois ou três meses, o gado começa a enfraquecer. E então chegam os ventos do sul. É quando isso nos afeta mais. As vacas caem, param de produzir leite, a guacha não se desenvolve adequadamente e, às vezes, a vaca morre”, acrescentou o pecuarista.

Prejuízos financeiros

O relatório da Fegabeni revela que a maioria das perdas financeiras decorre da redução de peso do gado, estimada em cerca de US$ 19,2 milhões.

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Beni é a região mais atingida pelas chuvas / Foto: Juan Carlos Torrejón – El Deber

A interrupção na alimentação adequada dos animais causou impactos significativos no desenvolvimento dos rebanhos. Além disso, as mortes de bovinos somam aproximadamente US$ 2,2 milhões em prejuízos, enquanto os danos estruturais à infraestrutura agropecuária alcançam US$ 3,7 milhões.

Outros custos estão relacionados ao transporte emergencial dos animais para áreas seguras, estimados em US$ 552 mil, além de perdas envolvendo outras espécies, que somam US$ 8,3 milhões. A análise inclui dados coletados até 7 de abril, cobrindo os efeitos acumulados desde o início da temporada chuvosa.

A perspectiva é que esse valor ainda cresça, uma vez que os dados das regiões por onde o Rio Mamoré ainda vai passar — como a Província de Yacuma, Puerto Siles e Guayará — não foram integralmente computados.

Monitoramento dos rios aponta riscos contínuos

Além dos prejuízos no campo, o cenário hídrico segue preocupando autoridades e produtores. Relatório da Fegabeni divulgado em 9 de abril, com base em medições do Serviço Meteorológico (SEMENA) e do município de San Ramón, mostra que vários pontos de observação no sistema fluvial de Beni permanecem em situação crítica.

As estações de Camiaco, Los Puentes, Puerto Almacén e Loma Suárez estão sob alerta vermelho, com níveis de água acima do penhasco e alta chance de transbordamentos. Já em Guayaramerín, Cachuela Esperanza, Itonama e Riberalta, o nível é de alerta laranja, indicando possibilidade de agravamento caso novas chuvas ocorram.

Outros pontos como Puerto Villarroel e San Ramón (Machupo) estão em alerta amarelo, exigindo acompanhamento contínuo. Apenas Puerto Junín (Santa Ana) apresenta níveis estáveis, sem risco imediato.

No total, o sistema de monitoramento abrange 12 pontos estratégicos ao longo do rio Beni. A persistência das condições de risco aumenta a vulnerabilidade das comunidades locais e da economia pecuária, uma das principais atividades produtivas da região.

*Com informações El Deber

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