Mais de cem pacientes de Mato Grosso do Sul, entre eles muitos bebês e crianças, estão tendo acesso a cirurgias para fissura labiopalatina, graças ao programa MS Saúde – Mais Saúde, Menos Fila.
Com procedimentos realizados em Campo Grande por equipes especializadas, a iniciativa garante o tratamento dessa má-formação congênita, também conhecida como lábio leporino, sem a necessidade de deslocamento para outros estados.
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Tratamento especializado passa a ser realizado no Estado
O atendimento, antes concentrado em São Paulo, passou a ser regionalizado com a parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde, a Funcraf (Fundação para o Estudo e Tratamento das Deformidades Craniofaciais) e a Maternidade Cândido Mariano.

A mudança reduz o tempo de espera e ampliado o acesso aos cuidados com a fissura labiopalatina, além de eliminar custos com viagens e hospedagem.
Segundo a SES, até 30 de março, 212 cirurgias corretivas já haviam sido realizadas em Mato Grosso do Sul. Outros 110 pacientes estão na programação para novos procedimentos.
As intervenções são conduzidas por uma equipe multidisciplinar com reconhecimento nacional, que atua em diversas frentes, do diagnóstico ao pós-operatório.
A superintendente de Gestão Estratégica da SES, Maria Angélica Benetasso, destacou que, com a nova fase do programa MS Saúde, os atendimentos voltados a anomalia crânio bucomaxilofaciais passarão a ocorrer permanentemente no Estado a partir de maio.
“As cirurgias serão realizadas rotineiramente em parceria com a Maternidade Cândido Mariano e a Funcraf”, informou.
Histórias de superação ganham espaço em MS
Para muitas famílias, a regionalização do atendimento representa uma mudança profunda no enfrentamento da fissura labiopalatina. A cuidadora de idosos Lucy Gomes, mãe de duas crianças com a condição, narrou sua experiência com os procedimentos.
Seus filhos, Ângelo Gabriel, de 8 anos, e Maria Vitória, de 6, nasceram com a má-formação. Lucy relembrou o impacto do diagnóstico e a dificuldade inicial com o tratamento.
“Quando o Ângelo nasceu, foi um choque. Não sabíamos como lidar. Na época, tivemos que viajar até João Pessoa para as primeiras cirurgias”, contou.
Com a criação da parceria entre Funcraf e MS Saúde, a realidade da família mudou. Lucy destacou o suporte desde o acolhimento inicial até o acompanhamento após as cirurgias. “Tivemos apoio em cada etapa. Desde os cuidados com a alimentação até o pós-operatório. Isso nos deu segurança e alívio.”

A paciente também expressou gratidão ao serviço prestado tanto em Campo Grande quanto em sua cidade natal, Pedro Gomes. Além do atendimento às crianças, sua mãe foi beneficiada com uma cirurgia oftalmológica recente, também viabilizada pelo programa.
Fissura labiopalatina: desafios e importância do diagnóstico precoce
A fissura labiopalatina é uma má-formação que pode comprometer o céu da boca, o lábio superior e a base nasal, gerando dificuldades para alimentação, fala, audição e desenvolvimento facial. Estima-se, segundo a ONU, que uma a cada 700 crianças nasça com a condição, exigindo acompanhamento médico especializado.
Embora o diagnóstico possa ser feito por ultrassonografia a partir da 14ª semana de gestação, muitos casos só são identificados após o parto. O tratamento cirúrgico é essencial para a reabilitação dos pacientes e, quando iniciado precocemente, contribui para melhores resultados funcionais e estéticos.
O Governo do Estado afirma que pretende ampliar os serviços voltados à fissura labiopalatina e outras deformidades congênitas, consolidando Mato Grosso do Sul como referência nacional nessa área. A proposta é atender não apenas a demanda local, mas também pacientes de outras regiões do país.