Profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) em Mato Grosso do Sul começaram a ser capacitados em uma nova metodologia que busca fortalecer o cuidado em saúde mental nas unidades básicas de atendimento.
A iniciativa faz parte do projeto PlanificaSUS, lançado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) com apoio do Hospital Israelita Albert Einstein, por meio do PROADISUS.
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Nesta etapa, o foco está nas cidades da região do Baixo Pantanal, onde 40 profissionais participam de um curso voltado à aplicação do manual MI-mhGAP, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A ferramenta auxilia na identificação e no manejo de transtornos mentais comuns diretamente na rede básica de saúde, antes que os casos avancem para a atenção especializada.
Formação multiprofissional busca ampliar resolutividade da APS
Segundo a SES, o treinamento é voltado para médicos, enfermeiros, agentes comunitários e gestores municipais da área da saúde. A proposta é formar multiplicadores que estejam preparados para lidar com casos como ansiedade, depressão e transtornos mais recorrentes dentro da própria unidade de saúde, sem necessidade de encaminhamento imediato.
Karine Costa, superintendente de Atenção Primária à Saúde da SES, explica que a capacitação pretende organizar o atendimento e reduzir a sobrecarga da rede especializada.

“A atenção primária pode resolver até 80% das demandas em saúde mental. Com essa formação, queremos preparar os profissionais para esse desafio e evitar filas nos serviços de maior complexidade”, afirma.
A capacitação é realizada em duas etapas, com turmas entre abril e junho. Os participantes são orientados a replicar os conhecimentos em suas regiões, ampliando o alcance do projeto em todo o estado. A seleção priorizou profissionais que não são especialistas em saúde mental e que atuam diretamente na atenção primária.
Experiência prática e troca de saberes
A enfermeira Kerley Menezes, com 15 anos de atuação na Estratégia Saúde da Família, destaca a importância da abordagem prática e participativa do curso.
“É uma oportunidade de revisar rotinas e adaptar o cuidado em saúde mental à realidade do território. Com essa formação, conseguimos resolver a maior parte dos casos logo na porta de entrada”, afirma.
A professora e psiquiatra Camila Nogueira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), reforça que investir na formação contínua dos profissionais da APS é essencial para enfrentar o déficit de atenção em saúde mental. “Capacitar a base do sistema facilita o acesso ao tratamento, reduz o estigma e garante um cuidado mais próximo da comunidade”, avalia.
Formação deve alcançar outras regiões do estado
A iniciativa faz parte da expansão do projeto PlanificaSUS em Mato Grosso do Sul, que anteriormente trabalhou com a linha de cuidado materno-infantil. Agora, com o foco em saúde mental, a meta é alcançar outras regiões do estado após a formação dos primeiros multiplicadores no Pantanal.
O projeto integra a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e busca consolidar práticas de cuidado integrado e contínuo em todo o território sul-mato-grossense.