Mulheres custodiadas em unidades prisionais de Mato Grosso do Sul estão recebendo capacitação profissional com foco em qualificação, renda e autoestima. A iniciativa, viabilizada por meio de parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), tem transformado o ambiente carcerário em espaço de preparação para o futuro.
No presídio feminino de Corumbá, 11 internas participaram do curso “Confecção de Bonecas e Peças de Pano”, onde aprenderam técnicas de costura e produção artesanal. Durante as aulas, elas criaram bonecas e coelhos temáticos, aproveitando a proximidade da Páscoa como inspiração.

Para uma das participantes, a atividade representou mais do que um aprendizado técnico. “Nunca tinha costurado antes, mas agora vejo que posso aprender algo novo e fazer disso uma profissão. Vou fazer para minhas meninas e quando sair daqui quero continuar fazendo bonecas e vender, para ter meu próprio dinheiro e ajudar minha família”, relatou a reeducanda E.M.S., de 45 anos.
A instrutora do curso, Rosita das Graças Teixeira, observou que a capacitação vai além da prática manual. Segundo ela, a produção artesanal pode se tornar uma fonte de renda e contribuir para a autonomia das mulheres ao deixarem o sistema prisional.
Em outra unidade, localizada em Rio Brilhante, dez internas participaram de um curso voltado ao aproveitamento da banana, com foco em processamento e transformação da fruta em produtos como doces, chips e farinha. Com carga de 24 horas, a formação incluiu noções de sustentabilidade e empreendedorismo, incentivando o uso integral dos alimentos.

As capacitações fazem parte das ações de reinserção social desenvolvidas pela Agepen, que aposta na educação e no trabalho como ferramentas para diminuir a reincidência criminal e promover a reconstrução da trajetória das mulheres presas.
O diretor-presidente da Agepen, Rodrigo Rossi Maiorchini, reforçou o papel dos cursos no processo de mudança de vida dentro do sistema penal. “É uma forma de empoderamento, pois elas descobrem habilidades, aprendem uma profissão e saem com mais chances de reconstruir suas trajetórias longe da criminalidade”, afirmou.
A parceria com o Senar viabiliza as atividades por meio da oferta de instrutores especializados e do fornecimento de materiais. A cooperação entre instituições públicas e entidades formadoras tem garantido oportunidades práticas às custodiadas, contribuindo para sua autonomia e reintegração futura à sociedade.